Como um autorama gigante
Projeto dos mais audaciosos do automobilismo atual, a Roborace é o futuro dos campeonatos em termos de tecnologia, na visão de Lucas Di Grassi. O piloto paulistano é o CEO da empresa. Ele tem a missão de promover mudanças na competição, a ser lançada em 2019. A Roborace era uma corrida de robôs, quase como um autorama gigante, baseado em Inteligência Artificial. Os primeiros carros foram projetados pelo designer alemão Daniel Simon, famoso por seus trabalhos no cinema. São dele os traços das máquinas que aparecem nos filmes “Tron: o Legado” e “Oblivion”.
Di Grassi, porém, decidiu acrescentar o homem na disputa. “Vai ser um torneio no qual um humano guia o carro enquanto a máquina aprende com a sua pilotagem. No pit stop, o piloto sai e a máquina assume sozinha e acaba a corrida. Será uma combinação do humano ensinando a máquina e a máquina melhorando o humano.”
Num exercício de futurologia, ele até visualiza uma inusitada parceria entre o piloto e um avatar do robô, que poderia ser um personagem famoso, como Ayrton Senna ou Lewis Hamilton. “Se o Hamilton pilotasse o carro, o sistema de Inteligência Artificial poderia aprender seu estilo, a técnica, o ponto de frenagem. No futuro, por exemplo, a McLaren poderia vender um carro com o ‘Hamilton driving mode’, que ensinaria o comprador a pilotar como ele.”
A competição pretende se antecipar ao que as pessoas vão encontrar nas ruas, defende. A Roborace ajudaria no desenvolvimento da tecnologia dos carros autônomos que podem vir a ser comuns nas cidades. “Teremos um sistema autônomo mais confiável e carros mais seguros. Se consegue andar a 300 km/h nas pistas com precisão, o autônomo vai andar a 50 km/h com ainda mais facilidade.”
Em 2019, Di Grassi projeta seis corridas, sendo que três ou quatro delas vão acompanhar as etapas da F-E. Ele deve ter “cinco ou seis times”. “Isso nunca foi feito antes. Se um carro autônomo para na pista, o que fazemos? Safety car? Tem uma série de problemas que nunca foram pensados.”