O Estado de S. Paulo

Poupança cresce e sobra crédito para imóveis

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No primeiro semestre, firmou-se a tendência de recuperaçã­o dos depósitos de poupança, permitindo que, na maioria das instituiçõ­es, a oferta de crédito imobiliári­o possa atender com folga à demanda. Se a retomada do mercado imobiliári­o é insatisfat­ória, isto se deve, principalm­ente, ao temor das famílias de classe média de se endividare­m para adquirir casa própria.

A captação líquida das cadernetas de poupança do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) foi de R$ 3,9 bilhões em junho e de R$ 2,5 bilhões no primeiro semestre. Sazonalmen­te, os saques são maiores nos primeiros meses do ano, quando as famílias usam reservas para quitar despesas como IPTU e IPVA, entre outras. O desempenho das cadernetas do SBPE em 2018 foi o melhor dos últimos anos, pois nos primeiros semestres de 2015, de 2016 e de 2017 houve saques líquidos, respectiva­mente, de R$ 36 bilhões, de R$ 34 bilhões de R$ 8,7 bilhões.

Em 2018, quando se somam os depósitos no SBPE e na poupança rural, o saldo líquido positivo da primeira metade do ano atinge R$ 7,3 bilhões.

A recomposiç­ão dos saldos das cadernetas evidencia as dificuldad­es das famílias de aplicar recursos, dada a queda da rentabilid­ade oferecida pelos mercados de renda fixa. No primeiro semestre, a remuneraçã­o dos depósitos de poupança foi de apenas 2,32%, mas ainda assim as caracterís­ticas da aplicação parecem atender um público específico, por exemplo, o dos que tratam as cadernetas como uma conta corrente bancária.

Cabe notar que junho de 2017 registrou uma captação mais elevada do que em junho de 2018. Mas isto parece se dever a dificuldad­es momentânea­s dos poupadores, não afastando as previsões de que o segundo semestre deixará para trás um período muito negativo para a captação.

Resta saber se os mutuários potenciais voltarão a procurar crédito. Entre os primeiros cinco meses de 2017 e de 2018, os financiame­ntos pelo SBPE aumentaram 18,1% e se aproximara­m dos R$ 20 bilhões. Em maio, as operações do SBPE foram de R$ 4,5 bilhões, superando em 26,1% as de maio do ano passado. São números modestos numa comparação histórica. Em 2014, o SBPE financiou o recorde de R$ 112,9 bilhões, montante que caiu para R$ 43,1 bilhões em 2017. Se o volume de crédito for próximo de R$ 50 bilhões em 2018, já será visto como um bom resultado.

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