EUA reforçam ameaça de mais tarifas à China
O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse ontem, em Buenos Aires, que “não minimizaria” a possibilidade de os EUA aplicarem tarifas sobre todos os bens que o país importa da China, um montante hoje próximo de US$ 500 bilhões. Mnuchin, que falou antes de uma reunião entre os ministros de finanças do G-20, não entrou em detalhes sobre o assunto.
A declaração amplia uma ameaça do presidente americano, Donald Trump. Na sexta-feira, em entrevista à rede americana CNBC, Trump afirmou estar disposto a impor tarifa sobre todas as importações da China, caso não ocorram mudanças na relação comercial bilateral. “Estamos prontos a ir até 500 (US$ 500 bilhões)”, disse Trump, referindo-se ao déficit comercial americano com os chineses em todo o ano passado.
Tarifas em série. No início deste mês, os EUA impuseram tarifas no valor de US$ 34 bilhões sobre produtos chineses nos setores de máquinas, componentes e eletrônicos. Também estão programadas tarifas sobre mais US$ 16 bilhões de eletrônicos chineses e de outros componentes.
Os EUA estudam ainda mais US$ 200 bilhões em mercadorias chinesas que os EUA podem selecionar para tarifar, num total de US$ 250 bilhões. Qualquer ação além desse teto, disse Trump, dependerá das retaliações chinesas.
Por outro lado, Mnuchin afirmou que o governo Trump está pronto para um acordo comercial com a Europa. O comentário veio após a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, ter dito na sexta-feira que a União Europeia estaria pronta para retaliar eventual tarifa dos EUA sobre a importação de automóveis, afirmando que a “situação do comércio global é séria”.
BC independente. O secretário do Tesouro dos EUA disse também, em Buenos Aires, que ele e Trump apoiam totalmente a independência do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) e que Trump não está tentando interferir no mercado de câmbio.
O comentário de Mnuchin se refere ao fato de o presidente americano ter acusado a China e a UE de manipular suas moedas e taxas de juros para tornar suas economias mais competitivas frente aos EUA, em um cenário de dólar em valorização.
“Eu e o presidente apoiamos totalmente a independência do Fed”, afirmou. Segundo o secretário do Tesouro, o dólar está forte devido ao impacto das perspectivas de altas de juros no longo prazo nos Estados Unidos.