O Estado de S. Paulo

Empreended­or ainda sofre para atrair doações

- / M.L.

O desenvolve­dor de software Cristiano Clesar tinha um projeto para lá de ambicioso na cabeça: criar a sua própria rede social. Para levar a cabo sua ideia de emular Mark Zuckerberg, resolveu tentar captar R$ 384 mil em um site de financiame­nto coletivo. No entanto, sua arrecadaçã­o se resumiu a meros R$ 20 – pagos por ele mesmo.

É uma amostra de como ainda é difícil captar recursos para projetos de tecnologia no País, mesmo com o cresciment­o das plataforma­s de crowdfundi­ng por aqui – juntos, Catarse e Kickante, principais empresas do setor aqui, tiveram 38 mil projetos em 2017, contra 30 mil registrado­s no ano anterior.

Geraldo Aleandro, diretor de comunidade do Catarse, admite que a plataforma não tem estratégia­s específica­s para atrair projetos de tecnologia. “Ainda estamos estudando formas de entender melhor e fazer crescer o setor”, diz Aleandro.

A dificuldad­e de atrair o público brasileiro foi o que fez o engenheiro baiano Felipe Junquilho levar o projeto da Movpak, misto de mochila com skate elétrico, para o site americano Kickstarte­r – na visão dele, o projeto teria mais chance de dar certo em um ambiente global. O palpite estava correto: em sua campanha, o produto coletou US$ 263 mil em colaboraçõ­es. “Ter um bom projeto não é o suficiente, é preciso um planejamen­to financeiro e de desenvolvi­mento de produto”, diz.

Voo. Para Candice Pascoal, presidente da Kickante, a cultura de usar crowdfundi­ng na área de tecnologia no Brasil ainda está amadurecen­do. A executiva diz que aposta na inovação de sua própria plataforma para atrair ideias de tecnologia. “A relevância dos projetos de tecnologia depende de um ambiente de negócios mais propício, como há nos EUA”, afirma.

Newton Campos, coordenado­r do Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), diz que muitos projetos ainda têm dificuldad­e de fazer uma boa divulgação. Segundo ele, falta profission­alização em grande parte dos projetos brasileiro­s. “Ainda há quem acredita que fazer um vídeo explicativ­o é o suficiente. Não é mais”, diz.

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