Andamos na 1ª geração do Audi quattro
Fomos à Alemanha avaliar o cupê que faz parte da coleção de carros da fabricante e deu origem a uma de suas marcas registradas, a tração nas quatro rodas
Há 40 anos, a Audi testava, na Escandinávia, protótipos do 80 equipados com tração integral (leia mais abaixo). Dois anos depois, a marca alemã lançava, no Salão de Genebra (Suíça), o primeiro automóvel 4x4 feito em grande escala. Fomos à Alemanha avaliar um quattro da geração pioneira.
O cupê, de 1988, pertence à Audi Tradition, criada para preservar a história da marca. Além de ter um grande acervo de veículos, essa divisão restaura e oferece peças de carros da Audi, Auto Union, DKW, Horch, NSU e Wanderer para colecionadores do mundo todo.
O quattro não precisou de quase nada para voltar às ruas. “Calibramos os pneus e checamos os fluidos e a gasolina”, diz Peter Kober, responsável pela área de comunicação da Audi Tradition. Todos os carros do acervo são impecáveis.
Exceto pelas pequenas marcas nos bancos de couro, o cupê vermelho parece ter acabado de sair da linha de montagem. O acabamento é caprichado, o painel lembra o do Volkswagen Passat brasileiro (assim como
as linhas da carroceria) e tudo funciona perfeitamente.
Bastou a primeira girada na chave para o motor de cinco cilindros, 2.226 cm³ e 200 cv despertar. A embreagem tem acionamento suave. Com a primeira das cinco marchas do câmbio manual engatada e o pedal do acelerador levemente pressionado, deixamos o prédio que guarda parte do acervo da Audi em direção ao local onde foram feitas as fotos desta página.
À frente, o RS Q3 (340 cv) com um mecânico e a fotógrafa acelerou forte. Em terceira marcha, foi só pisar forte com o pé direito para o veterano disparar. E o melhor: ao som do assovio do turbocompressor.
A aceleração agrada, mas, como os 27,5 mkgf de torque surgem apenas às 3 mil rpm, está longe de ser brutal. Ao lembrar que estamos em um carro feito em 1988, contudo, não dá para deixar de abrir um sorriso.
Na hora de parar, o quattro está muito bem preparado. O sistema de freios tem disco ventilado nas rodas dianteiras e simples nas traseiras.
A direção, com assistência hidráulica,
é direta e o cupê contornou as curvas da estradinha com tranquilidade. Obviamente, a boa reposta também é mérito da tração nas quatro rodas.
As suspensões, McPherson com barra anti-rolagem na dianteira e independente com molas helicoidais na traseira, mantêm o cupê totalmente sob controle em curvas e garantem um rodar macio e, ao mesmo tempo, firme. Colaboram com o
bom comportamento as rodas de liga leve de 15 polegadas e os pneus 215/50 R 15.
Nas ruas, o quattro fez sucesso – muita gente torceu o pescoço à sua passagem. Não só pela cor e o estado de conservação, mas por se tratar do Ur (gíria alemã que significa primeiro).