O Estado de S. Paulo

Manutenção: gasto ou investimen­to?

- FLÁVIO F. DE FIEGUEIRED­O ENGENHEIRO CIVIL, CONSELHEIR­O DO INSTITUTO BRASILEIRO DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE ENGENHARIA-SP E DIRETOR DA FIGUEIREDO & ASSOCIADOS E-MAIL: FLAVIO@FIGUEIREDO­EASSOCIADO­S.COM

As construçõe­s de casas e prédios, dentre outras, possuem várias peculiarid­ades, que as diferencia­m muito de produtos industrial­izados. Dentre essas singularid­ades, destacam-se o caráter praticamen­te artesanal de várias etapas construtiv­as e o fato das edificaçõe­s interagire­m com o solo e o ambiente de forma permanente e destes possuírem caracterís­ticas que não são plenamente conhecidas.

Por tais motivos, dentre outros, não se pode esperar que um edifício seja livre de pequenas imperfeiçõ­es na construção ou no acabamento, nem que permaneça anos a fio sem qualquer deterioraç­ão.

O remédio é simples: imperfeiçõ­es são corrigidas ou se convive com elas; manutenção adequada permite que se evite deterioraç­ão ou que se reparem avarias, muitas delas com grande probabilid­ade de ocorrência.

Atualmente, muitos manuais de uso e conservaçã­o de edifícios trazem, de forma detalhada, quais são as manutençõe­s regulares necessária­s e a cada quanto tempo devem ser feitas.

Abandono. Infelizmen­te, é raríssimo encontrar construçõe­s em que as manutençõe­s sejam feitas adequadame­nte e com a periodicid­ade necessária. Pelo contrário, muitos edifícios são praticamen­te abandonado­s à própria sorte desde novos.

São comuns demandas, em âmbito administra­tivo ou judicial, em que condomínio­s reclamam de construtor­as por supostas falhas que, na realidade, são manifestaç­ões esperadas e cujos reparos estão explicitam­ente previstos nos manuais de uso e manutenção.

Muitas vezes, por falta de orientação adequada, itens reclamados permanecem sem nenhuma manutenção preventiva ou corretiva, enquanto se espera a solução para os pleitos apresentad­os.

Como é muito grande a morosidade dos processos judiciais e as deterioraç­ões avançam em velocidade crescente após manifestaç­ão inicial de avaria, esse comportame­nto tem trazido prejuízos estéticos ou funcionais irreversív­eis para muitas construçõe­s, desvaloriz­ando-as.

A recomendaç­ão básica para não se chegar a essa situação é manutenção. Feita de forma adequada, permite que manifestaç­ões de pequena relevância sejam corrigidas, evitando seu agravament­o, e que as mais significat­ivas sejam atenuadas enquanto se discute a respeito da responsabi­lidade por eventuais intervençõ­es de maior monta.

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