O Estado de S. Paulo

Reforma em Cuba propõe volta da propriedad­e

Anteprojet­o passará por consulta popular; país manterá socialismo como política de Estado e passará a reconhecer a propriedad­e privada

-

Projeto de reforma constituci­onal de Cuba, que será submetido a consulta popular a partir de agosto, elimina referência ao comunismo, institui o cargo de primeiro-ministro e reconhece mercado e propriedad­e privada – eliminada após a Revolução de 1959.

A Assembleia Nacional de Cuba (Parlamento) concluiu ontem os debates sobre a reforma constituci­onal que será submetida a consulta popular entre 13 de agosto e 15 de novembro.

Entre as novidades mais destacadas do projeto de reforma da Constituiç­ão, cujo texto atual data de 1976, se encontram a eliminação das referência­s ao comunismo – mantendo o socialismo como política de Estado –, o reconhecim­ento do mercado e da propriedad­e privada (eliminada após a Revolução de 1959) como parte de sua economia, a instituiçã­o do cargo de primeiro-ministro e a modificaçã­o da definição de matrimônio, o que abre as portas para o casamento homossexua­l.

O projeto cria as bases para integrar diferentes atores econômicos, ao reconhecer o papel do mercado na economia socialista da ilha, o investimen­to estrangeir­o e novas formas de propriedad­e, entre elas a privada. O reconhecim­ento desta forma de propriedad­e pode abrir caminho para a legalizaçã­o das pequenas e médias empresas, surgidas ao amparo das reformas.

Antes da consulta popular, serão incorporad­os no texto as modificaçõ­es aprovadas durante o debate parlamenta­r, e possivelme­nte depois da consulta serão aplicadas novas alterações ao anteprojet­o da Carta Magna, que finalmente será aprovado em referendo. Durante os três meses de consulta popular, os cidadãos poderão manifestar suas posições e sugerir mudanças no documento, que serão avaliadas e votadas pelo Parlamento.

O governo também quer dar peso constituci­onal às reformas impulsiona­das pelo ex-pre si denteRaúlC astro (20082018) para abrira economia cubana, atrair investimen­tos estrangeir­os e permiti rum desenvolvi­mento do setor privado, algo ainda muito controlado.

As mudanças têm como fundo a necessidad­e de aceleraras reformas econômicas na ilha. Amá saúde crônica da economia pioro unos últimos dois anos por causa da crise na Venezuela e do giro hostil de Washington a Havana após achegada de DonaldTrum­paop oder.

A renúncia ao termo comunismo na Carta “tem pouco impacto político, mas na parte ideológica alivia a discussão sobre a reforma entre as elites políticas e as bases”, disse o analista cubano-americano Arturo López Levy, catedrátic­o da Universida­de do Texas.

 ?? ABEL PADRON/AP ?? Assembleia. Reformas abrem caminho ao casamento gay
ABEL PADRON/AP Assembleia. Reformas abrem caminho ao casamento gay

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil