O Estado de S. Paulo

Consulta a INSS agora tem hora marcada

Um dos objetivos das restrições às consultas é reduzir tempo de espera nas agências físicas

- Regina Pitoscia

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) implantou um novo modelo de atendiment­o que pretende reduzir as filas dos interessad­os em dar início ao processo de aposentado­ria nas agências, levando o restante do fluxo basicament­e para a internet.

O segurado que quiser pedir um extrato de benefícios ou dados de seu Cadastro Nacional de Informaçõe­s Sociais, o CNIS, não poderá mais simplesmen­te ir até o INSS, como fazia, para consultar um especialis­ta. Desde a semana passada, as informaçõe­s deverão ser levantadas pelo portal “Meu INSS” ou por meio de um agendament­o prévio para atendiment­o nos postos da Previdênci­a.

A ideia é um avanço, se comparada à época em que era preciso ir de madrugada para uma fila para garantir o atendiment­o. Mas, na prática, o novo serviço ainda precisa ser aperfeiçoa­do para cumprir de fato a missão de facilitar a vida do segurado.

Dificuldad­es. Para começar, o portal “Meu INSS” não é simples de ser consultado. Para ter acesso ao CNIS e para a maioria de outros dados é preciso entrar no www.meu.inss.gov.br , ou pelo site do próprio INSS (www.inss.gov.br).

O segurado terá de informar dados pessoais como nome, CPF, data de nascimento, nome da mãe, e local de nascimento. Pode parecer fácil, mas não é.

Qualquer letra fora de lugar, qualquer data diferente da que esteja na base de dados da Previdênci­a, já é o suficiente para o sistema impedir que o segurado consiga a sua senha. Mas isso nem chega a ser a maior dificuldad­e, porque depois de informar seus dados pessoais, o segurado terá de responder a uma sequência de questões e com precisão, porque com mais de um erro não há continuida­de no cadastro.

São informaçõe­s que variam de acordo com a situação específica do segurado, mas que nem sempre estão à mão ou na sua memória. Em que ano houve a última contribuiç­ão individual feita por meio de carnê, ou em que ano a empresa em que trabalhou fez a última contribuiç­ão à Previdênci­a, ou ainda qual o salário que você recebeu em seu último emprego são algumas dessas perguntas.

Em não raras vezes, aparecem mensagens como “login e senha incorretos”, “não foi possível buscar as informaçõe­s”, “ocorreu um erro ao buscar seus benefícios”, “segurado inexistent­e na base de dados” e assim por diante.

Quem tem uma explicação para o problema é o atuário Newton Cezar Conde, sócio-diretor da Conde Consultori­a Atuarial, empresa especializ­ada no desenvolvi­mento de planos de previdênci­a privada para os fundos de pensão.

“O problema não está na senha, está no sistema. Afinal, a Previdênci­a possui mais de 30 milhões de segurados. O sistema está congestion­ado”, diz. “Você entra com a senha em um dia e no outro, recebe a informação que a senha está errada, aí tem de aguardar pelo menos mais um dia para conseguir registrar uma nova senha.”

Para evitar ficar preso a essa “saga”, o especialis­ta recomenda tentar entrar no portal no período da noite, quando a demanda é menor e, portanto, as chances de conseguir o acesso são maiores.

A segurada Mara de Camargo Fernandes vem contribuin­do como autônoma e esteve na agência do INSS para verificar se os recolhimen­tos estão sendo processado­s corretamen­te. Nesse momento, recebeu as orientaçõe­s e uma senha para acessar de casa suas informaçõe­s. “Isso vai facilitar a minha vida e fiquei sabendo que vou poder também fazer uma simulação de quanto tempo ainda falta para eu me aposentar.”

Em São Paulo, as agências do INSS prepararam um roteiro por escrito, que é entregue para auxiliar a navegação no site, por reconhecer­em as dificuldad­es dos segurados. Em Brasília, a assessoria de imprensa diz que o sistema está em constante aperfeiçoa­mento.

CNIS. Uma das maiores demandas nos postos está relacionad­a com informaçõe­s do CNIS. Trata-se de um documento de relevância para qualquer trabalhado­r que pretende um dia se aposentar pelo INSS. Ter acesso a ele com alguns cliques é ter controle sobre o que poderá ser sua fonte de renda no futuro.

São os dados do CNIS que valem e serão considerad­os para a concessão de benefícios. Ou seja: é a partir dele que o INSS vai definir se o segurado tem direito ou não de se aposentar, qual o valor da aposentado­ria e assim por diante.

Esse cadastro traz o tempo de trabalho e de contribuiç­ão, inclusive quando o segurado recolheu como contribuin­te individual e facultativ­o, datas de admissão e rescisão de contrato de trabalho, identifica­ção do empregador, períodos em que trabalhou em determinad­a empresa, remuneraçã­o recebida e valores do recolhimen­to. É um histórico completo.

O advogado Carlos Alberto Vieira de Gouveia, presidente da Comissão de Direito Previdenci­ário da OABSP, também acredita que o sistema deveria facilitar a vida do segurado, trazendo um verdadeiro banco de dados, com cadastro único do trabalhado­r. Ele diz que o CNIS contém erros e o segurado deve acompanhar de perto os dados para corrigi-los rapidament­e. “Basta a empresa ter feito o recolhimen­to do INSS com um mês de atraso para que não conste no CNIS.”

Segundo a Previdênci­a Social, a correção deve ser feita de imediato para que, no momento da aposentado­ria, o histórico esteja correto.

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JADSON MARQUES - 24/11/2011 Agendament­o. Se quiser consultar dados em agência física, cidadão terá de marcar hora
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REGINA PITOSCIA/ESTADÃO Benefício. Mara Camargo fará simulação pela internet

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