O Estado de S. Paulo

Marun propõe anistia de caixa 2 e cobrança no SUS

Em texto enviado a parlamenta­res do MDB e a Henrique Meirelles, ministro lista propostas para as eleições

- Felipe Frazão / BRASÍLIA

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, propôs ontem, em mensagem a um grupo de parlamenta­res, que o MDB e o pré-candidato do partido à Presidênci­a da República, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, defendam uma forma de “leniência” ao caixa 2 praticado em eleições passadas e a fixação de mandato para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Marun sugeriu a criação de uma corte constituci­onal para “dirimir conflitos” entre o STF e a Constituiç­ão, a também de um conselho superior para controle externo das polícias. Ele avançou ainda sobre a área social, ao recomendar o fim da gratuidade total aos pacientes no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Vamos desburocra­tizar as eleições, mas punir realmente o uso de dinheiro ilegal nos pleitos. Podemos propor uma forma de leniência para o caixa dois já praticado e o criminaliz­armos para o futuro”, escreveu o ministro, que é citado na Operação Registro Espúrio, suspeito de interferir em registro de sindicatos no Ministério do Trabalho.

“Vamos propor mandatos para o STF, revogar a Lei da Bengala, votar a Lei do Abuso de Autoridade, e criar uma Corte Constituci­onal que possa dirimir conflitos entre as decisões do STF e a Constituiç­ão Federal. Vamos propor um Conselho Superior para as Polícias, para que não prospere o Estado Policiales­co e as ações dos maus policiais tenham controle externo.”

A anistia ao caixa 2 e o limite ao mandato de ministros do Supremo foram discutidas na reforma política, que tramitou no Congresso em 2017, mas repercutir­am mal e não avançaram.

As ideias do ministro foram publicadas num grupo de WhatsApp de parlamenta­res do MDB e de Meirelles. O ministro confirmou ao Estado a autoria da mensagem, mas não detalhou as propostas. “Opinião pessoal para discussão enviada ao grupo de deputados do MDB e ao candidato. Não me aprofundei nos detalhes. Quero provocar a discussão de todos os itens propostos.”

Procurado, o ex-ministro da Fazenda disse que não havia lido as propostas de Marun encaminhad­as a ele pelo Estado.

Adversário­s. No texto, Marun diz aos deputados que, caso Meirelles não vença a eleição, “pelo menos teremos o orgulho de não termos participad­o da eleição a passeio”. Marun critica na mensagem dois potenciais adversário­s de Meirelles na disputa pela sucessão do presidente Michel Temer, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PDT), a quem chama de “débil mental”.

“A atitude de Alckmin nas denúncias (contra Temer) o torna não merecedor do nosso apoio. Ajudamos a sua candidatur­a, é verdade, ao vetarmos o apoio do Centrão ao débil mental do Ciro Gomes. Este apoio foi para os tucanos, mas isto não é de todo ruim”, escreveu Marun. Em nota divulgada ontem à noite, ele disse que não teria usado o termo “débil mental” se soubesse que as mensagens iriam a público.

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