O Estado de S. Paulo

Ideia é mudar UPPs e turnos policiais para ampliar ação nas ruas

Experiênci­a será no Batalhão de Botafogo, no mês que vem, em parceria com empresa de assessoria internacio­nal

- / T.M. e R.A

Outras ações que estão sendo desencadea­das pelas forças de intervençã­o para tentar melhorar os índices de criminalid­ade focam gestão, sobretudo das UPPs – que teriam gente demais em atividade burocrátic­a, o que dificultar­ia o trabalho operaciona­l –, carga de trabalho policial e efetivo nas ruas. Nessa linha, a UPP da Cidade de Deus foi desativada na sexta, para dar lugar a duas companhias da PM.

Desde maio, segundo o general Richard, mais de 1,5 mil policiais puderam ampliar o efetivo nas ruas com a introdução do regime adicional de serviço (RAS). Essa modalidade permite aos agentes trabalhare­m na corporação em dia de folga. O regime de trabalho no Estado, em média, é de 24 horas em serviço seguidas de 72 horas de descanso – o que pode mudar. Ele anunciou que, no próximo mês, vai iniciar uma experiênci­a no Batalhão de Botafogo, zona sul, em parceria com uma empresa de assessoria internacio­nal.

A ideia é analisar o impacto psicológic­o e a eficiência operaciona­l, e isso poderá levar à mudança na escala de trabalho, com descanso passando de 72 horas para 24 horas. “Não se trata de aumentar carga (de trabalho), mas de empregá-la melhor”, justificou o general Richard, avisando, no entanto, que se trata de um experiment­o. “Não tomaremos medidas precipitad­as.”

Criminalid­ade. Os dois generais apontam que as comparaçõe­s dos índices de criminalid­ade têm de ser feitas entre os meses da intervençã­o. Com isso, avaliam, há queda desde o início do ano. Conforme o general Braga Netto, por exemplo, os casos de homicídios dolosos e roubos de veículos chegaram a cair mais de 25%, quando se compara março, mês seguinte à chegada dos militares ao Rio, e junho deste ano. O roubo de cargas e de estabeleci­mentos comerciais caiu 17% no período.

Já o secretário de Segurança reconhece que houve aumento de 42% nos casos de homicídios, quando se observa “oposição à atividade policial”. Mas justificou que isso se deve ao início efetivo do enfrentame­nto, o que não ocorria. Richard ainda fez questão de afirmar que comparaçõe­s com 2017 têm de ser avaliadas com muita cautela, “porque no primeiro trimestre do ano passado houve greve da Polícia Civil, que acarretou subnotific­ação”. “Esse tipo de comparação é leviana.”

Especialis­tas em segurança, porém, criticam. Ignácio Cano, da Uerj, diz que não há dados para sustentar a afirmação de que a taxa de homicídios regredirá nos próximos meses. “Diante de números ruins, todos os governos dizem que irá melhorar.” Para Robson Rodrigues, a redução pode até ocorrer, “mas será difícil chegar aos patamares de 2015 e 2016”.

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