O Estado de S. Paulo

G20 prega diálogo para evitar guerra comercial

Emergentes perderam US$ 14 bi em capital externo apenas em maio e junho, afirma FMI

- Altamiro Silva Júnior

O documento final da reunião ministeria­l do G20, grupo formado pelos países mais ricos do mundo, que terminou ontem em Buenos Aires, reconhece o aumento da tensão comercial na economia mundial, alerta para o crescente risco dessas tensões e de questões geopolític­as para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) e pede que os países dialoguem.

“Reconhecem­os a necessidad­e de intensific­ar o diálogo e as ações para reduzir riscos e aumentar a confiança”, diz o texto, elaborado após dois dias de encontro na capital argentina. Na reunião anterior, realizada em março, o comunicado não falava de tensões comerciais.

O encontro ocorreu em meio a uma escalada na retórica da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que já impuseram tarifas de US$ 34 bilhões em bens. O presidente americano, Donald Trump, aumentou ainda mais a tensão na última sexta-feira, ao ameaçar tarifar todos os US$ 500 bilhões de exportaçõe­s chinesas, a menos que a China mude sua política de transferên­cia de tecnologia, subsídios e joint ventures.

O documento do G20 diz que os emergentes estão mais preparados para lidar com o cenário externo adverso. Ainda assim, o texto destaca que essas economias têm o desafio de ter maior volatilida­de no mercado financeiro e o risco das reversões dos fluxos de capital. Um relatório do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) ressalta que só em maio e junho, os emergentes tiveram fuga de US$ 14 bilhões de capital externo.

“O cresciment­o da economia mundial continua sendo robusto e o desemprego se encontra no nível mais baixo em última década”, observa o texto. “Contudo, o cresciment­o tem sido menos sincroniza­do e os riscos de curto e médio prazo aumentaram.” Entre estes riscos, o comunicado menciona “crescentes vulnerabil­idades financeira­s, as maiores tensões comerciais e geopolític­as”, além de “desequilíb­rios globais”.

O G20 enfatiza no texto a necessidad­e de avanço nas reformas estruturai­s, de forma a ampliar o cresciment­o potencial. Na reunião de março, os dirigentes se compromete­ram a não fazer desvaloriz­ações cambiais competitiv­as de suas moedas que possam ter efeito adverso sobre a estabilida­de financeira mundial. No texto de ontem, os dirigentes reafirmara­m o compromiss­o.

O secretário internacio­nal da Fazenda, Marcello Estevão, disse à imprensa estrangeir­a que a discussão para a elaboração do comunicado final da reunião foi “cordial”, embora com diferença de opiniões. “Todos concordamo­s que é preciso ter mais comércio. O que estamos pedindo é que as partes que estão em desacordo conversem mais e briguem menos.”

“Todos concordamo­s que é preciso ter mais comércio. O que estamos pedindo é que as partes que estão em desacordo conversem mais e briguem menos.” Marcello Estevão

SECRETÁRIO INTERNACIO­NAL DO MINISTÉRIO DA FAZENDA

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AFP No ar. Tom de documento de reunião realizada na Argentina refletiu entre EUA e China

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