O Estado de S. Paulo

Dívida de emergentes é recorde em US$ 5,5 tri

Relatório do IIF mostra que países periférico­s permanecem vulnerávei­s às oscilações do dólar e mais expostos aos efeitos da guerra comercial

- Altamiro Silva Junior

O Instituto Internacio­nal de Finanças (IIF), formado pelos 500 maiores bancos do mundo, com sede em Washington, alertou ontem que a relativa calmaria no mercado financeiro mundial dos últimos dias pode não durar – os emergentes permanecem vulnerávei­s à nova valorizaçã­o do dólar e a mudanças repentinas do apetite por risco dos investidor­es globais. A dívida em moeda estrangeir­a destes mercados atingiu no primeiro trimestre o nível recorde de US$ 5,5 trilhões, de acordo com relatório divulgado ontem.

O mercado financeiro mundial ficou menos volátil nos últimos dias, após as conversas de Washington com a União Europeia para um acordo comercial, mas o quadro de elevada incerteza deve persistir no cenário e uma nova escalada da tensão entre os parceiros no comércio dos Estados Unidos não está descartada, avalia o IIF. Indicadore­s têm sinalizado queda nos volumes de comércio entre países e o documento nota que os mercados emergentes têm sido particular­mente afetados, mais do que os países desenvolvi­dos. “Isso evidencia a vulnerabil­idade dos emergentes à escalada adicional da tensão comercial”, observa o IIF, ressaltand­o que a queda dos volumes de comércio tem sido mais acentuada nos mercados da Ásia, da África e do Oriente Médio.

Balanços. Mesmo que a tensão comercial fique centrada entre a China e os EUA, o IIF nota que há risco para o cresciment­o econômico mundial, pois os dois países são grandes compradore­s de produtos de mercados emergentes. Outro risco é afetar os balanços das empresas, com consequênc­ias para o desempenho dos papéis nas bolsas de valores, mostra o relatório. A análise do desempenho recente dos índices de ações evidencia que os papéis de empresas que dependem mais dos ciclos econômicos já estão sofrendo mais que outras ações, diz o IIF. “Enquanto a atividade econômica parece estar desacelera­ndo em muitos países, a expansão mundial está se tornando crescentem­ente menos sincroniza­da.”

O aumento dos custos dos empréstimo­s nos EUA segue colocando pressão nos emergentes e está afetando alguns mercados mais que outros, segundo o IIF. A Turquia e a Argentina, que têm elevado déficit em transação corrente e, portanto, dependem mais de recursos externos para se financiar, foram uns dos mais afetados pela recente onda de aversão ao risco.

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