O Estado de S. Paulo

‘NEM ESQUERDA, NEM DIREITA, NEM DE CENTRO’

Militantes da Rede falam em ‘outra forma de fazer política’ e dizem que não veem dificuldad­e de se governar sem alianças

- Marianna Holanda Pedro Venceslau

No quinto debate promovido pelo Estado com os militantes dos partidos políticos que disputam o Palácio do Planalto, os integrante­s da Rede Sustentabi­lidade, sigla da ex-ministra Marina Silva, usaram uma máxima do ministro das Comunicaçõ­es, Gilberto Kassab (PSD), na hora de definir o espectro ideológico da legenda: nem direita, nem esquerda, nem centro.

Um grupo de cinco mulheres e quatro homens, com idades entre 22 e 55 anos, recebeu a reportagem na sede paulista do partido, instalada em uma casa no bairro da Vila Mariana.

O professor Fernando Oliveira, de 38 anos, ex-militante do PT e PSOL, usou um neologismo para classifica­r a linha política da Rede: “sustentabi­lista e progressis­ta”. “O centro é uma farsa. É a posição de quem não tem posição”, emendou o também professor universitá­rio Zysmam Meiman.

Dirigentes da legenda chegaram a participar de encontros do movimento pluriparti­dário batizado “Polo Democrátic­o”, que tentou unificar o centro em torno de uma única candidatur­a presidenci­al. A conversa com a Rede, porém, não prosperou.

Os ativistas ignoram as dificuldad­es de governar sem alianças no sistema presidenci­alista. Sem explicar como conseguiri­am formar maioria congressua­l, falam em criar “outra forma de fazer política”. O “sistema” teria infinitas possibilid­ades, não só na direita, na esquerda ou no centro.

Para Zé Gustavo, de 28 anos, ex-porta-voz nacional da Rede, a dificuldad­e será ganhar a eleição, não governar. A trajetória dos “marineiros” presentes é uma mostra do caldo de cultura que formou o partido de Marina. Três deles foram do PT, uma foi filiada ao PCB e outro não lembra em quem votou em 2006. Os demais estão vivendo a primeira experiênci­a partidária.

Os militantes brincam que, para os “de direita”, Marina nunca deixou de ser petista; para os “de esquerda”, é uma traidora. Eles rechaçam que a candidata da Rede esteja isolada na disputa presidenci­al – apesar da dificuldad­e em formar alianças – e negam que Marina comande o partido com mão de ferro.

Os “marineiros” que passaram pelo PT lamentaram a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas exaltaram a Lava Jato. No fim do debate, os militantes fizeram uma autocrític­a: o discurso de Marina precisa fugir do discurso pejorativa­mente chamado “marinês.”

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO Debate. Militantes da Rede Sustentabi­lidade, partido de Marina Silva, se reuniram na sede da legenda em São Paulo para discutir as eleições 2018
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TV Estadão. Veja entrevista com militantes da Rede
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NA WEB TV Estadão. Veja entrevista com militantes da Rede estadao.com.br/e/militantes­rede

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