‘Eficiência nos negócios não é privilégio de grande empresa’
PMEs estão atentas à capacitação profissional e ao uso da tecnologia
Empresários atentos à capacitação profissional, ao uso da tecnologia e à qualidade de produtos e serviços. Esse é o perfil das pequenas e médias empresas brasileiras, diz Paulo Secches, diretor do instituto Officina Sophia, com base nos resultados da Escolha PME, pesquisa já em sua terceira edição. “O norte desse segmento é claro: busca qualificação profissional, modernização do seu negócio e maior eficiência”, afirma o especialista. “O que teremos de observar é quem vai estar preparado para atendêlo no futuro.”
Secches lembra que a preocupação com excelência é parte do histórico de muitos desses empreendedores. “Boa parte das novas PMEs são formadas por ex-executivos de empresas de grande porte que decidiram buscar um caminho próprio”, afirma o pesquisador.
A evolução da pesquisa mostra que qualidade importa mais do que preço para as PMEs. Com a crise que o País atravessa nesses anos, não seria o caso de esperar o contrário?
A crise econômica e o porte do negócio da PME determinam o volume de dinheiro que o proprietário tem para gastar, não como ele quer gastar. Precisamos entender que a PME é um empresário buscando o desenvolvimento do seu negócio e que sabe que não dá para fazer isso apenas com preço baixo.
O crescimento do segmento PME no Brasil também influencia nessa opção pela qualidade? Um produto ou serviço bom ajuda no bom funcionamento dos processos internos das PMEs? A PME é uma abstração estatística para classificar empresas de um determinado porte. O que temos ali são pessoas, empresários com renda acima da média brasileira que resolveram empreender e que buscam o desenvolvimento do seu negócio. Vale lembrar que boa parte das novas PMEs é formada por ex-executivos de empresas de grande porte que decidiram buscar um caminho próprio.
As empresas com os melhores índices de satisfação são ligadas à tecnologia e à capacitação profissional. Isso tem relação com o perfil das PMEs?
É um reflexo do que eu estava falando sobre o perfil do PME. Ele (o empresário) está buscando capacitação profissional e investindo em tecnologia e satisfeito com os produtos que está adquirindo. Acaba sendo um processo de realimentação positiva: ele fica satisfeito com o resultado e continua o processo de investimento e de melhoria do seu negócio.
Além dos avanços tecnológicos no mundo, esse perfil pode estar relacionado à crise? Para sobreviver em um mercado competitivo é essencial escolher as fornecedoras que funcionam? Para sobreviver em um ambiente competitivo e hostil, é essencial para todos os negócios, de qualquer porte, aprimorar os métodos de gestão e ganhar produtividade. A crise econômica apenas acentua essa necessidade. Mas, se olharmos o mundo todo, independentemente de crise ou não, é esse o caminho que seguem os negócios bem sucedidos. É isso o que estão fazendo. Cabe aos seus fornecedores entenderem esses processos e buscarem oferecer melhores soluções de produtos e serviços para esse segmento de mercado.
Em comparação com as edições anteriores da pesquisa, cresceu o interesse das PMEs por sites de recrutamento e centros de formação profissional? Sem dúvida. O empresário da PME está consciente de que eficiência nos negócios não é privilégio das grandes empresas.
Algumas fornecedoras ouvidas para esta edição especial ainda não têm área dedicada a PMEs. Como as companhias vêm se posicionando em relação às pequenas e médias? Ainda falta segmentação e enxergar esse nicho em potencial? Não é surpresa a inexistência de uma segmentação voltada à PME em vários segmentos de negócio. O que isso indica é um forte potencial de mercado para quem estiver atento a essa oportunidade. O norte desse segmento é claro: busca qualificação profissional, modernização do seu negócio e maior eficiência. O que teremos de observar é quem vai estar preparado para atendê-lo no futuro.
Em equipamentos tecnológicos, o critério de escolha mais valorizado pelas PMEs é de longe produtos, em especial a qualidade deles. Ou seja, se o produto é bom, vale pagar?
Talvez exatamente porque a qualidade elimina a ocorrência de problemas. O importante para outros setores de fornecedores é refletir por que esses setores têm um alto nível de satisfação e outros não. E quem é esse empresário da PME que está investindo e está mais satisfeito com essas categorias de produto.