O Estado de S. Paulo

Ciro e Marina tentam evitar isolamento

Na reta final das convenções, presidenci­áveis do PDT e da Rede buscam atrair PSB e PV, que tendem à neutralida­de no 1º turno da eleição

- / MARIANNA HOLANDA, PEDRO VENCESLAU, RENAN TRUFFI e RICARDO GALHARDO

Os candidatos Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) ainda tentam evitar o isolamento na disputa presidenci­al, mas as negociaçõe­s com PV e PSB, respectiva­mente, esbarram na tendência de neutralida­de das siglas. Sem aliança com outros partidos, Ciro e Marina podem ser obrigados a optar por chapas puras.

Às vésperas do prazo final para a realização das convenções partidária­s, as candidatur­as de Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) ainda tentam evitar o isolamento na disputa presidenci­al, mas as negociaçõe­s com PV e PSB, respectiva­mente, esbarram na tendência de neutralida­de das siglas. Sem aliança com outros partidos, Ciro e Marina podem ser obrigados a optar por chapas puras.

Ontem, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, se reuniu em Brasília com dirigentes de PT, PCdoB e PDT. O encontro foi interpreta­do como um indicativo de que o partido, na convenção marcada para domingo, deverá optar pela independên­cia no primeiro turno. Além disso, a tendência é de que a Executiva vete que os candidatos nos Estados apoiem determinad­os nomes, como Jair Bolsonaro (PSL).

“As três hipóteses são apoiar Ciro Gomes, apoiar o PT ou não apoiar nenhum dos dois e indicar o rumo, com um documento político. Não pode apoiar Bolsonaro, por exemplo. Quem fizer isso deve ficar como dissidente, não como orientação partidária”, afirmou Siqueira depois da reunião. O presidente do PSB disse também que a ideia é construir um consenso até a convenção. De acordo com Siqueira, o ex-prefeito de Curitiba Luciano Ducci já se colocou à disposição para ser vice em qualquer uma das chapas.

Para líderes do partido, o PSB deve manter o foco na eleição de governador­es. Com isso, a hipótese da independên­cia ganha força, já que candidatos do PSB têm alianças estaduais com praticamen­te todos os lados envolvidos na disputa nacional. “O partido vai fazer um grande esforço para sair unido e não ter sequelas. Com essa divisão que existe no País não podemos agradar a um lado e desagradar a outro”, disse o prefeito de Campinas, Jonas Donizete.

Na semana passada, o PDT de Ciro anunciou apoio à reeleição do governador de São Paulo, Márcio França (PSB), mas ele tem defendido a independên­cia do PSB. São Paulo e Pernambuco, onde o governador Paulo Câmara (PSB) defende o apoio ao PT, são os Estados com o maior número de delegados na convenção nacional. Ciro conta com a simpatia dos diretórios de Minas Gerais, do Distrito Federal e do Ceará.

PV. A possibilid­ade de chapa pura não está descartada na Rede, mas não seria o ideal, segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “É nosso plano E. O ideal é ter uma chapa com outro partido.” São citados como possíveis nomes para compor uma chapa pura a ex-senadora Heloísa Helena, o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, e Paes de Barros, um dos pais do Bolsa Família. O plano original, porém, é lançar Heloísa Helena e Bandeira de Mello para a Câmara.

Marina aposta suas fichas no PV e quer anunciar o vice na convenção nacional, no sábado. Os verdes devem dar sua resposta até lá. Apesar de uma ala defender o apoio à pré-candidata da Rede, um grupo ainda resiste à aliança em função dos acordos nos Estados. Há coligações regionais em que o PV está fechado com PSDB ou com o PDT, que têm presidenci­áveis.

O nome mais provável para compor a possível chapa seria Eduardo Jorge, candidato a presidente pelo PV em 2014. O PV foi o único partido para o qual a Rede ofereceu o cargo. Isso ocorreu no sábado passado, na convenção nacional do PV, em Brasília. Os verdes já haviam decidido não apoiar nenhum presidenci­ável, mas, com a proposta, delegaram a palavra final à da executiva nacional.

“Até por gentileza estamos abertos a conversar”, disse o presidente do PV, José Luiz Penna, que relatou afastament­o do presidenci­ável tucano, Geraldo Alckmin. “Estamos mais próximos de não ter candidato, mas vamos ouvir as regionais”, afirmou o dirigente.

Penna e o porta-voz da Rede, Pedro Ivo, se encontrara­m na quinta-feira passada. Foi o primeiro encontro desde que Marina deixou a sigla pela qual disputou a eleição de 2010.

 ?? DANIEL MARENCO / AGÊNCIA O GLOBO ?? Dirigentes. (Da esq. para dir.) Os presidente­s do PDT, Carlos Lupi; do PSB, Carlos Siqueira; do PT, Gleisi Hoffman; e do PCdoB, Luciana Santos
DANIEL MARENCO / AGÊNCIA O GLOBO Dirigentes. (Da esq. para dir.) Os presidente­s do PDT, Carlos Lupi; do PSB, Carlos Siqueira; do PT, Gleisi Hoffman; e do PCdoB, Luciana Santos

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