Apagão deixa 80% de Caracas sem luz e expõe crise energética
É a quarta vez em um mês que capital fica às escuras; outros Estados têm interrupção de até um dia no fornecimento
Um apagão deixou 80% de Caracas sem luz por mais de quatro horas ontem, no quarto apagão prolongado em menos de um mês na capital da Venezuela. A falta de luz impediu atendimentos hospitalares de urgência, obrigou o metrô da capital, que atende mais de 2 milhões de pessoas por dia, a fechar, e forçou o comércio a baixar as portas.
O governo venezuelano afirma que a falha se originou na subestação de Santa Teresa, no Estado de Miranda, no norte da Venezuela. O chavismo atribuiu os apagões a sabotagens de seus adversários para criar descontentamento entre a população, enquanto a oposição os vincula à deterioração de infraestrutura para garantir o serviço, decorrente da corrupção e da falta de investimentos.
Os cortes no fornecimento de energia elétrica são frequentes na Venezuela, sobretudo no interior. Em vários Estados do oeste, como Zulia, aplica-se um racionamento diário que chega a durar 12 horas. Em Caracas, os apagões são menos frequentes, mas, entre dezembro e fevereiro, foram registrados diversos cortes, que se prolongaram por várias horas.
Em Maracaibo, a capital de Zulia, os moradores desligam os refrigeradores para se proteger dos cortes de energia. Muitos só compram a comida que vão consumir no mesmo dia. O Estado, centro da indústria de energia da Venezuela, conhecido por sua riqueza em petróleo, tem ficado mergulhado na escuridão. “Nunca imaginei que teria de passar por isso”, disse à agência Reuters Cindy Morales, de 36 anos, funcionária de uma padaria. “Não tenho comida, não tenho eletricidade e não tenho dinheiro”, afirmou, chorando.
Os apagões de energia agravam a miséria dos venezuelanos que há cinco anos vivem sob a crise econômica que provocou desnutrição, uma hiperinflação que chegou 128,4% em junho, acumulando 46.305% no ano, e emigração em massa.