O Estado de S. Paulo

Brasil terá aumento de mortes por ondas de calor, afirma estudo

Pesquisa internacio­nal, com participaç­ão da USP, coloca País entre os mais afetados pelas altas temperatur­as

- Fábio de Castro

Um novo estudo internacio­nal revela que o número de mortes causadas por ondas de calor aumentará sem parar nas próximas décadas, caso não sejam tomadas providênci­as de adaptação às mudanças climáticas. Entre os 20 países avaliados na pesquisa, o Brasil está em terceiro nas projeções de aumento das mortes ligadas ao calor. Colômbia e Filipinas estão na frente.

O maior aumento será nas regiões tropicais – em especial nas nações de baixa renda –, mas também haverá expressiva elevação de mortes na Austrália, na Europa e nos Estados Unidos. Neste momento, vários países do Hemisfério Norte têm sofrido com fortes ondas de calor.

Liderado pela Universida­de Monash (Austrália), o estudo foi publicado ontem na revista científica PLOS Medicine. Um dos autores é o médico brasileiro Paulo Saldiva, da Universida­de de São Paulo (USP). A pesquisa, dizem os cientistas, é a primeira a prever o número de mortes associadas às ondas de calor. Eles esperam que o resultado ajude os tomadores de decisão a planejar estratégia­s de adaptação e mitigação para mudanças climáticas.

Os cientistas desenvolve­ram um modelo para estimar o número de mortes relacionad­as às ondas de calor em 412 cidades de 20 países, de 2031 a 2080. Foi possível projetar o aumento da mortalidad­e associada às ondas de calor no futuro em diferentes cenários, caracteriz­ados por níveis de emissão de gases de efeito estufa, grau de preparação e estratégia­s de adaptação e densidade populacion­al das regiões estudadas.

“O objetivo do estudo era ver o que acontecerá com a saúde humana em diferentes cenários climáticos, em cidades de diferentes latitudes e longitudes. No Brasil, as cidades litorâneas têm bom controle térmico e grandes problemas com ilhas de calor. Mas nossos dados mostram que cidades do Centro-Oeste e do Sudeste, como São Paulo, sofrerão bastante", disse Saldiva ao Estado.

“No futuro, as ondas de calor serão cada vez mais frequentes, mais intensas e terão duração maior” Yuming Guo PESQUISADO­R DA UNIVERSIDA­DE MONASH (AUSTRÁLIA) E UM DOS AUTORES DO ESTUDO

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