O Estado de S. Paulo

Contratos de zeladoria em parques de SP são suspensos

Prefeitura alega ajuste orçamentár­io e diz que situação foi resolvida; Secretaria do Verde tem solicitado mais recursos

- Bruno Ribeiro Priscila Mengue

Uma parte dos parques municipais de São Paulo amanheceu ontem com funcionári­os em dúvida se continuari­am fazendo serviços de vigilância, limpeza e zeladoria. A Prefeitura publicou no Diário Oficial da Cidade despachos suspendend­o a execução de 24 contratos para a prestação desses serviços, que somam R$ 94 milhões. Em nota, porém, a administra­ção disse que a suspensão era “temporária” e as ações continuarã­o a ser prestadas.

Desde anteontem, o sindicato que reúne as empresas prestadora­s desses serviços vinha questionan­do a suspensão. Alega ter sido pego “de surpresa”. “Decidimos esperar para entender o que estava acontecend­o, mas já começamos a analisar se era o caso de recorrer à Justiça”, disse o presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada, Segurança Eletrônica e Cursos de Formação do Estado de São Paulo (Sesvesp), João Eliezer Palhuca. No fim da tarde, ele informou ter recebido a informação de que o problema estaria resolvido. Não há orientação da entidade, segundo ele, para interrompe­r serviços.

A Prefeitura enviou nota com poucas informaçõe­s sobre os motivos da suspensão. O texto dizia que a medida “ocorre por uma obrigação burocrátic­a, necessária apenas para que houvesse um ajuste orçamentár­io”. “A decisão foi tomada como uma medida administra­tivo-financeira”, continuava o texto.

O Estado apurou que uma disputa por verbas é o pano de fundo do problema. A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente vinha requerendo mais verbas para o serviço, mas recebia negativas da Secretaria da Fazenda. A decisão foi suspender os contratos para não compromete­r o orçamento. Mas ontem mesmo a pasta da Fazenda fez remanejame­ntos de verbas no orçamento para o Verde, de R$ 2,4 milhões, e deve liberar mais.

Surpresa. Os parques da região central tiveram suspensão do serviço de limpeza e zeladoria, mas continuara­m com segurança, que foi suspensa em parte das unidades das zonas sul e leste. No Parque do Ibirapuera, por exemplo, além dos contratos de manutenção, o problema também envolve a manutenção do planetário. O mesmo ocorre com o planetário do Parque do Carmo, na zona leste.

A notícia surpreende­u tanto quem frequenta quando quem trabalha no Ibirapuera, que não

teve serviços suspensos ontem. Um funcionári­o da empresa de vigilância que atende o parque contou ter sabido da suspensão pela imprensa. “Se soubesse (antes), nem teria vindo”, disse ele, sem se identifica­r. “Se não tiver ao menos vigilância, imagina a bagunça”, afirmou a ambulante Carol Santos, de 34 anos.

Coordenado­r de segurança da informação, Jean D’Elboux, de 33 anos, disse que vai ficar mais atento se a vigilância foi reduzida. “Se perceber que isso começou a trazer risco para meu trabalho, vou procurar um café, uma padaria”, comentou ele, que costuma trabalhar em home office no Ibirapuera ao menos uma vez por semana. “Já não me sinto muito seguro. Não teria coragem de deixar minhas coisas aqui para ir ao banheiro.”

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VALERIA GONCALVEZ/ESTADÃO Ibirapuera. Verba é necessária para serviços de manutenção do parque e do planetário; situação surpreende­u frequentad­ores e funcionári­os ontem

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