O Estado de S. Paulo

Oito são presos por controle de preço de combustíve­l

Executivos das maiores distribuid­oras do País são acusados de controlar de forma criminosa os valores cobrados em postos de Curitiba

- Fausto Macedo

Oito executivos das três maiores distribuid­oras de combustíve­is do País foram presos ontem na Operação Margem Controlada, deflagrada pela Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor de Curitiba, em parceria com a Divisão de Combate à Corrupção da Polícia Civil do Paraná.

Os alvos são suspeitos de integrarem “uma quadrilha que controlava de forma criminosa o preço final do combustíve­l nas bombas dos postos de gasolina bandeirado­s de Curitiba”. A polícia cumpriu oito mandados de prisão temporária e 12 de busca e apreensão. Também foi afastado o sigilo telemático de nove pessoas.

Entre os presos estão três assessores comerciais da Petrobrás Distribuid­ora S/A, um gerente comercial e um assessor da Ipiranga Produtos de Petróleo S/A e um gerente e dois assessores comerciais da Shell (Raízen Combustíve­is S/A).

Com os alvos, foram apreendido­s celulares, computador­es e documentos. Um deles foi preso no Aeroporto Internacio­nal Afonso Pena, na região metropolit­ana de Curitiba, quando desembarca­va de voo com origem em São Paulo.

A investigaç­ão levou mais de um ano e, nesse período, foram firmadas quatro delações premiadas feitas por empresário­s do setor de combustíve­l, todas já homologada­s pelo Juízo da 11.ª Vara Criminal de Curitiba.

O Ministério Público do Paraná informou que os “delatores produziram dezenas de provas que reforçam a suspeita da atuação da quadrilha no controle do preço final do litro do combustíve­l nas bombas dos postos de gasolina de Curitiba”.

De acordo com a promotoria, “gerentes e assessores comerciais das três distribuid­oras vendiam o litro do combustíve­l de acordo com o preço que seria cobrado pelo dono do posto bandeirado. Se o empresário comerciali­zasse, por exemplo, o litro da gasolina a R$ 4,19, a distribuid­ora venderia o litro ao posto por R$ 3,99. Se o dono do posto resolvesse vender por R$ 3,99, a distribuid­ora aumentaria ou diminuiria o preço, controland­o o preço nas bombas e, consequent­emente, a margem de lucro dos empresário­s, impedindo assim a livre concorrênc­ia”.

Os presos responderã­o pelos crimes de organizaçã­o criminosa e abuso de poder econômico. Se condenados, podem pegar penas de prisão de 2 a 13 anos.

A Petrobrás Distribuid­ora afirmou que “pauta sua atuação pelas melhores práticas comerciais, concorrenc­iais, a ética e o respeito ao consumidor, exigindo o mesmo comportame­nto de seus parceiros e força de trabalho”.

A Raízen informou que “está à disposição das autoridade­s responsáve­is para esclarecim­entos” e que “os preços nos postos de combustíve­is são definidos exclusivam­ente pelo revendedor”. A Ipiranga disse que cada revendedor é livre para determinar o preço na bomba.

 ?? TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO-28/5/2003 ?? Na bomba. Para o MP, esquema impedia a livre concorrênc­ia
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO-28/5/2003 Na bomba. Para o MP, esquema impedia a livre concorrênc­ia

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil