Desemprego cai, mas ainda atinge 13 milhões no País
Segundo IBGE, taxa pode ter recuado no último trimestre pelo aumento no número de pessoas que desistiram de procurar vagas
A taxa de desocupação no Brasil caiu para 12,4% no segundo trimestre, mas ainda há 13 milhões de brasileiros em busca de emprego, de acordo com os dados divulgados ontem pelo IBGE. No trimestre encerrado em maio, a taxa era de 12,7%.
A geração de vagas, porém, ainda é precária. A carteira assinada caiu ao mais baixo patamar da série histórica, iniciada em 2012, e há pelo menos 37 milhões de pessoas trabalhando na informalidade.
Entre 170 milhões de pessoas que poderiam estar na força de trabalho hoje, apenas 104 milhões estão trabalhando ou procurando emprego. Em apenas um trimestre, mais 774 mil pessoas optaram por aderir à população inativa, que alcançou novo recorde histórico em junho.
“Essa divulgação (de ontem) pode dar ideia de que o desemprego está caindo, mas pode estar aumentando o desalento (quando a pessoa desiste de procurar emprego). Não sabemos ainda”, disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. Dados sobre a renda, detalhados pela primeira vez pelo IBGE, mostram as consequências da informalidade sobre o poder aquisitivo dos trabalhadores: os profissionais que atuam sem vínculo formal ganham, em média, pouco mais da metade do que os indivíduos com carteira atuando na mesma posição. Um empregado doméstico com carteira assinada ganha, em média, R$ 1.212 mensais, ante apenas R$ 730 recebidos pelos trabalhadores domésticos sem carteira (ler mais abaixo). Segundo Azeredo, os mais prejudicados com a perda de dinamismo da economia são os trabalhadores de mais baixa renda. Ele citou como exemplo o emprego doméstico, onde a informalidade vem avançando apesar da lei que regulamentou, há três anos, os direitos dos trabalhadores domésticos no País.
No segundo trimestre de 2018, havia 127 mil trabalhadores domésticos a mais do que no mesmo período de 2017. Enquanto 31 mil empregados perderam a carteira assinada, outros 158 mil passaram a trabalhar sem o vínculo formal, segundo IBGE. “Por falta de opção, e às vezes até por falta de empreendedorismo, há essa fuga para o emprego doméstico”, diz. “Cerca de 40% dos trabalhadores domésticos não têm carteira assinada. Tem diarista trabalhando que não consegue fazer nem o salário mínimo por mês. Parte delas nem está contribuindo para a Previdência.”
O Brasil tem atualmente 6,2 milhões de trabalhadores domésticos. Há 312 mil domésticas a mais trabalhando ilegalmente desde que foi regulamentada, há três anos, a emenda constitucional que ampliou os direitos desses profissionais, a “PEC das Domésticas”. Desde então, foram demitidos 82 mil trabalhadores domésticos com carteira assinada.
Para o economista da consultoria Tendências, o mercado de trabalho deve demorar pelo menos cinco anos para retomar o nível pré-crise, num contexto em que a retomada da atividade está ainda mais lenta e tende a dificultar essa melhora.
Segundo ele, o contingente de pessoas desocupadas segue elevado e, além disso, o volume daqueles que estão à margem do mercado de trabalho supera 20 milhões. “Serão necessários alguns anos para reverter esse quadro, para conseguir inserir mais as pessoas no mercado de trabalho”, diz. /