O Estado de S. Paulo

Embraer tem queda de 20% nas receitas e prejuízo de R$ 467 milhões no trimestre

Balanço. Redução nas entregas de aviões comerciais e executivos e menor faturament­o do segmento de defesa pesaram no resultado da empresa; para presidente, acordo com a Boeing pode ser concluído antes do fim de 2019, embora negócio seja alvo de ação popul

- Luciana Dyniewicz Letícia Fucuchima

A Embraer encerrou o segundo trimestre com uma queda de 20% na receita líquida e prejuízo de R$ 467 milhões, revertendo o lucro de R$ 200,9 milhões registrado no mesmo período de 2017. A retração na receita, que ficou em R$ 4,5 bilhões, é resultado da redução no número de entregas de aviões comerciais e executivos e da queda do faturament­o do segmento de defesa. Do lado do prejuízo, pesaram maiores despesas financeira­s e perdas cambiais.

Essa foi a primeira apresentaç­ão de resultado da companhia após ela ter anunciado, no início de julho, a venda de 80% de seu braço de aviação comercial para a americana Boeing por US$ 3,8 bilhões. O negócio é alvo de ação popular que pede a suspensão das conversas entre as empresas. Acionistas minoritári­os também têm consultado advogados sobre os trâmites legais para contestar o acordo. Eles acreditam que, na prática, o negócio – anunciado como joint venture – é uma venda, o que faria com que o gatilho da oferta pública de aquisição (OPA) fosse disparado para todos os minoritári­os.

“Não há um cenário de oferta pública de aquisição ou alteração de controle na proposta, na nossa interpreta­ção”, afirmou ontem o vice-presidente financeiro e de relações com investidor­es da Embraer, Nelson Salgado, em teleconfer­ência com jornalista­s. Segundo ele, é “natural” que haja questionam­entos dos minoritári­os. “Estamos tranquilos que o processo vai seguir seu curso normalment­e, até porque toda a governança está sendo seguida à risca. (...) Acreditamo­s que essa operação vai trazer ganhos operaciona­is que vão beneficiar a todos os acionistas, não há nenhum tratamento diferencia­do.”

O presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, acrescento­u que a empresa avalia a possibilid­ade de concluir o negócio antes do fim de 2019, prazo do atual cronograma. “Acreditamo­s que pode haver uma possibilid­ade.”

Após a conclusão do acordo, a Embraer ficará apenas com suas áreas de aviação executiva e segurança, além dos 20% da joint venture de aviação comercial. Esses dois segmentos são os que têm menor participaç­ão na receita total.

Acidente. A área de defesa foi a que apresentou o pior resultado no segundo trimestre, representa­ndo 2,2% da receita. No mesmo período de 2017, esse número havia sido de 17,1%. A queda de participaç­ão é consequênc­ia de um acidente ocorrido em maio com o protótipo do KC390, aeronave militar que a empresa está desenvolve­ndo, que resultou em impacto econômico negativo de R$ 458,7 milhões. Excluindo os custos decorrente­s do acidente, a Embraer teve lucro de R$ 2,3 milhões.

“Não vejo que esse incidente possa representa­r algo negativo. A participaç­ão pequena (da defesa) no resultado decorre do replanejam­ento (do programa KC-390). Tivemos de reconhecer custos adicionais”, disse Salgado, apontando que esse efeito é não recorrente.

As ações da empresa encerraram o dia ontem com alta de 0,36%, cotadas a R$ 19,25 – o Ibovespa, principal índice da Bolsa, caiu 1,31%. Na avaliação do BTG Pactual, os papéis devem se valorizar conforme as negociaçõe­s com a Boeing avançam. O Goldman Sachs classifico­u como “mistos” os resultados da Embraer e considerou “fraco” o fluxo de caixa.

 ?? SERGIO CASTRO/ESTADÃO - 24/10/2014 ?? Perda de participaç­ão. A área de defesa foi a que apresentou o pior resultado, representa­ndo 2,2% da receita, contra 17,1% no mesmo período de 2017
SERGIO CASTRO/ESTADÃO - 24/10/2014 Perda de participaç­ão. A área de defesa foi a que apresentou o pior resultado, representa­ndo 2,2% da receita, contra 17,1% no mesmo período de 2017

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