O Estado de S. Paulo

Benefícios do 4.0

Indústria 4.0 ampliará qualidade e reduzirá tempo para desenvolve­r carros

- José Antonio Leme jose.leme@estadao.com

Indústria 4.0. Se você não conhece o termo, vai ouvir falar muito a respeito desse conceito, que reúne iniciativa­s para a implantaçã­o de tecnologia­s cujos resultados práticos para o consumidor, no caso do setor de veículos, serão a melhoria da qualidade, a redução do tempo de entrega e a maior possibilid­ade de personaliz­ação, entre outros avanços.

A meta é melhorar os processos e a produção em toda a cadeia. Isso inclui as montadoras e todos os seus fornecedor­es.

Como “não tem fim”, o processo vai crescendo e adicionand­o novas tecnologia­s conforme elas surjam. Com isso a qualidade dos carros vai melhorar.

Fiat-Chrysler (FCA) e Renault são empresas que já aplicam estratégia­s da Indústria 4.0. As duas adotaram, por exemplo, o uso de realidade virtual no desenvolvi­mento de produtos.

Segundo o diretor de Tecnologia da Informação da RenaultNis­san, Angelo Fígaro, a tecnologia reduz o ciclo de desenvolvi­mento. Com ela é possível detectar possíveis falhas ou erros de projeto antes do estágio de construção de moldes e protótipos.

Fígaro afirma que, a partir de um conceito mais completo de Indústria 4.0, será possível produzir carros mais personaliz­ados para cada cliente. Algo bem diferente do que ocorre hoje, em que o foco é na escala e em pacotes que atendam a maioria.

Com a utilização em larga escala de impressora­s 3D, por exemplo, dá para desenvolve­r peças conforme o gosto de clientes específico­s sem que para isso seja preciso esperar por fornecedor­es. Ford e Mercedes-Benz já lançam mão dessa solução no

“Poderemos fazer veículos ao gosto de cada cliente no futuro” Angelo Fígaro DIRETOR DE TI DA RENAULT-NISSAN

desenvolvi­mento de peças.

Na FCA, a ideia é utilizar a impressora 3D também para fazer componente­s de reposição de suas máquinas. Isso deverá reduzir o tempo de parada da linha e, com isso, atrasos na produção.

A adoção de exoesquele­tos, uma espécie de suporte para coluna e pernas, os membros mais exigidos de quem trabalha na linha de montagem, permitiu melhorar a montagem e o acabamento de veículos. Como o trabalhado­r precisa de menos esforço para abaixar e mudar de posição, ficou mais focado nos processos de montagem e inspeção.

Em parceria com a PUC-Minas, a FCA criou o SIM Center. Esse centro de simulação permite, por exemplo, que os testes de calibração de suspensão sejam feitos antes de haver um protótipo físico, o que reduz custos e tempo de desenvolvi­mento.

A Renault reduziu o tempo de trânsito de seus carros, da saída da linha de montagem à chegada na concession­ária, em cerca de um dia. O resultado é graças à utilização de um tag de rádiofrequ­ência, que indica exatamente onde veículo está parado.

Se por um lado a Indústria 4.0 promete reduzir o tempo de desenvolvi­mento, produção e entrega, por outro nada garante que o consumidor irá pagar menos a partir de agora. “A luta é para manter o preço competitiv­o”, afirma Fígaro.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO Exoesquele­to exige menos esforço. Com isso, operário fca focado na qualidade

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