O Estado de S. Paulo

Serviço de bicicleta sem estação começa em São Paulo.

Sistema com autotrava mira centro expandido e conta com monitoria por GPS; cada viagem de 15 minutos custará R$ 1

- Juliana Diógenes

Primeiro serviço de compartilh­amento de bicicletas livres – ou seja, sem estações físicas – do Brasil, a Yellow lança hoje 500 bicicletas na zona oeste de São Paulo. Elas podem ser vistas nos bairros de Pinheiros, Jardim Paulistano, Itaim-Bibi e Vila Olímpia, além do Largo da Batata. Com o ineditismo do sistema dockless (com autotrava), as bicicletas são monitorada­s por GPS. Inicialmen­te, cada viagem de 15 minutos custará R$ 1.

A partir da segunda quinzena de outubro, o plano é oferecer 1,5 mil bicicletas novas nas ruas, semanalmen­te, até que no fim de novembro a cidade tenha 20 mil amarelinha­s espalhadas. Embora as bicicletas estejam circulando em toda a capital, podendo ser deixadas em qualquer ponto fora do centro expandido, a ideia da Yellow é liberar os veículos na periferia somente no início de 2019.

Em dois meses, as ruas terão mais bicicletas da Yellow do que dos outros dois sistemas de compartilh­amento que operam há anos. Hoje o Bike Sampa (patrocinad­o pelo Itaú) tem 2,6 mil bikes em 260 estações. O Ciclosampa (com patrocínio do Bradesco Seguros) não quis informar o número, mas em setembro eram 170 bicicletas no rotativo em 17 estações.

O mapeamento das bicicletas, o destravame­nto e o pagamento do novo serviço é feito por aplicativo de celular, via QR Code. O usuário precisará ter cartão de crédito para realizar o cadastro e a empresa ainda não aceita bilhete único. Há uma determinaç­ão da Prefeitura para que as empresas do serviço adotem esse pagamento – mas não existe um prazo até agora.

Por duas semanas, 150 bicicletas foram oferecidas para testes por um público selecionad­o pela empresa. Eduardo Musa, CEO e fundador da Yellow, diz que nas próximas duas semanas será possível observar os deslocamen­tos para então definir, a partir da demanda, os principais locais onde as bicicletas deverão ficar. Para orientar os usuários e fiscalizar o estacionam­ento, uma equipe de 70 funcionári­os com malas de ferramenta­s estará próxima dos veículos. Eles poderão fazer pequenas manutençõe­s, como ajustar um pedal quebrado, fazer limpeza e lubrificar com graxa.

Público-alvo. Segundo Musa, a expectativ­a é de que o serviço seja utilizado a princípio por usuários do transporte público que trabalham no centro expandido. A ideia é que eles desçam do metrô, trem ou ônibus e complement­em o trajeto até o trabalho com a dockless. Com baixo valor agregado e sem marchas, a bicicleta da Yellow foi pensada para trajetos curtos de até 3 quilômetro­s – percurso que, de acordo com o fundador, pode ser realizado em 15 minutos.

Outra expansão prevista pela Yellow são os patinetes elétricos. Na próxima semana, a empresa vai lançar um piloto. A expectativ­a é de liberar mil patinetes até o fim do ano na capital.

No último ano, o sistema de bikes sem estação enfrentou problemas de roubo em Paris e outras cidades francesas – onde o serviço foi descontinu­ado.

De acordo com o fundador da Yellow, a empresa tem conversado com a Polícia Militar e a Secretaria da Segurança Pública para orientar sobre como agir em casos assim. “Mas as pessoas vão perceber rapidament­e que roubar não tem muita utilidade. Primeiro, porque ela é travada e pesada para carregar. Além disso, as peças são únicas. A pessoa vai roubar a roda e não vai conseguir colocar em nenhum lugar. E a bicicleta tem GPS e o usuário não consegue saber onde está.”

Parceria. Para Thiago Benicchio, gerente de transporte­s ativos do ITDP Brasil, “o poder público precisa acompanhar esses sistemas de forma mais efetiva, nos moldes do que a SPTrans (São Paulo Transporte) já faz com os ônibus”. “Algo a ser estimulado é que as bicicletas dockless estacionem como as motociclet­as, na perpendicu­lar da calçada. Não podemos prejudicar quem sempre é prejudicad­o, que no caso é o pedestre.”

Procurada, a Secretaria Municipal de Transporte­s (SMT) informou que “as empresas são responsáve­is por evitar que as bicicletas sejam deixadas em locais que dificultem a mobilidade de pedestres”. “No entanto, as estações virtuais podem ser colocadas em calçadas, desde que não atrapalhem o fluxo de pedestres. A Prefeitura prevê sanções como multa para quem descumprir essa regra.”

As regras municipais datam de setembro. “Atualmente há cinco empresas credenciad­as como operadoras: Tembici, Trunfo, Mobike, Serttel e Yellow. As duas primeiras já operam na cidade. Mobike e Serttel encontram-se em processo de adequação e operaciona­lização de seus sistemas dockless”, acrecentou.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO
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:WERTHER SANTANA/ESTADÃO Bikes livres. Plano é oferecer 1,5 mil bicicletas novas nas ruas, semanalmen­te, até que no fim de novembro a cidade tenha 20 mil amarelinha­s espalhadas

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