O Estado de S. Paulo

Alckmin terá senadora do PP como vice

Coligações. Ana Amélia, do PP-RS, aceita convite para compor chapa de pré-candidato tucano; com Eduardo Jorge, presidenci­ável da Rede rompe isolamento e amplia tempo de TV

- / CAMILA TURTELLI, RENAN TRUFFI MARIANNA HOLANDA, PEDRO VENCESLAU e DANIEL BRAMATTI

A senadora Ana Amélia (PP-RS) será a vice na chapa do presidenci­ável Geraldo Alckmin (PSDB-SP). Costurado ontem, o acordo envolve a sucessão no Rio Grande do Sul, onde os dois partidos têm candidatos próprios ao governo.

Às vésperas de suas convenções partidária­s, Geraldo Alckmin, do PSDB, e Marina Silva, da Rede, definiram seus candidatos a vice na disputa presidenci­al. Alckmin escolheu a senadora gaúcha Ana Amélia (PP), que aceitou o convite e deve ser oficializa­da pela coalizão em torno do tucano até domingo. Já o exdeputado federal Eduardo Jorge (PV) foi anunciado ontem como o candidato a vice na chapa de Marina.

A aliança com sua ex-legenda – pela qual disputou o Palácio do Planalto em 2010 – tirou a presidenci­ável da Rede do isolamento e vai agregar 10 segundos no horário eleitoral de TV e rádio. Com isso, Marina passará a ter 26 segundos em cada bloco de 12 minutos e 30 segundos no palanque eletrônico presidenci­al, conforme levantamen­to do Estadão Dados.

Ana Amélia aceitou o convite para ser vice na chapa do précandida­to do PSDB – informação antecipada pelo blog da Coluna do Estadão. O convite foi feito diretament­e pelo ex-governador de São Paulo à senadora, que condiciono­u a resposta definitiva a arranjos entre PSDB e PP em âmbito nacional e, principalm­ente, no Rio Grande do Sul, seu Estado natal e onde as duas legendas têm candidatos próprios ao Executivo.

O deputado Luiz Carlos Heinze (PP), que havia fechado uma composição com DEM, PSC, PROS e PSL, deve desistir da disputa, apoiar o tucano Eduardo Leite (PSDB), ex-prefeito de Pelotas, e ocupar a vaga de Ana Amélia na disputa pelo Senado.

À noite, em entrevista à GloboNews, Alckmin definiu sua vice como “séria, competente e dedicada”. “Ela abriu mão de concorrer à reeleição ao Senado para estar conosco nesta caminhada”, afirmou o tucano, acrescenta­ndo que recebeu dos partidos que o apoiam “a delegação” para fazer a escolha.

Após o empresário Josué Gomes, filiado ao PR, declinar do convite para ser vice de Alckmin, o tucano consultou aliados do Centrão e chegou a uma lista de sete nomes. A prioridade era compor chapa com uma mulher de um Estado que não fosse São Paulo. “A vice dos sonhos é Ana Amélia, e eu consegui”, disse Alckmin.

O nome de Ana Amélia ganhou força porque Alckmin precisa reconquist­ar eleitores do Sul que, historicam­ente, votaram no PSDB, mas se afastaram da sigla nos últimos anos.

A senadora gaúcha, contudo, evitou ser assertiva quando questionad­a sobre a composição da chapa. “A decisão caberá a Alckmin e ao presidente do partido (PP)”, disse mais cedo, citando o senador Ciro Nogueira (PI). “Se os acertos (entre PP e PSDB gaúchos) não forem concluídos satisfator­iamente, eu tenho que ver como vai ficar”, completou. Ela afirmou que o anúncio oficial deve ser feito até hoje, véspera da convenção nacional do PSDB. Tucanos confirmara­m ao Estadão/Broadcast que a senadora ligou para Alckmin e informou sobre sua decisão no fim da tarde de ontem.

Ela lembrou que nas últimas décadas ao menos três vice-presidente­s assumiram o cargo. “Vice não é mais uma figura decorativa no Brasil”, afirmou.

Dirigentes do PP alertaram o tucano e os demais partidos do Centrão – bloco formado por PP, PRB, PR, DEM e Solidaried­ade – que a decisão pelo nome da senadora deve ser encarada como uma opção “pessoal” da campanha do PSDB e não pode entrar na “cota” do Partido Progressis­ta. O motivo é que Ana Amélia não possui a confiança de Ciro Nogueira e outros caciques do PP. Ela tem um histórico de divergênci­as internas e é avaliada como alguém com um estilo “independen­te”, o que faz com que não seja unanimidad­e na direção da sigla.

‘Programáti­ca’.

Candidato à Presidênci­a em 2014 pelo PV, o ex-deputado Eduardo Jorge foi correligio­nário de Marina. “Precisamos sobreviver. O movimento contra os partidos ideológico­s pequenos é muito contundent­e. Como temos essa proximidad­e programáti­ca, o PV fez a opção de apoiar Marina, com Eduardo Jorge de vice”, disse ao Estado o presidente nacional do PV, José Luiz Penna.

O acordo Rede-PV foi selado ontem, após reunião em São Paulo com os principais dirigentes das siglas e envolve a atuação conjunta no Congresso. Exsecretár­io de Meio Ambiente na gestão do PSDB no governo paulista, Penna integrava a ala do partido que defendia apoio a Alckmin. Na semana passada, porém, o PV votou em convenção uma resolução determinan­do a neutralida­de na disputa, mas foi surpreendi­do pelo convite da Rede para Eduardo Jorge ser vice de Marina.

A presidenci­ável da Rede comemorou a confirmaçã­o de seu companheir­o de chapa. “Habemus vice”, brincou. “Ele é uma das melhores autoridade­s em saúde pública, um dos assuntos mais difíceis para a população”, disse Marina ao Estado. Eduardo Jorge é médico sanitarist­a.

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SANDRA GAMA/PV Eduardo Jorge (2º à esq.) já disputou a Presidênci­a

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