O Estado de S. Paulo

Eleições 2018

Ex-ministro propõe um ‘pacto de confiança’, mas sofre resistênci­as principalm­ente no Nordeste; Marta é sondada para ser vice na chapa

- / VERA ROSA, FELIPE FRAZÃO, MARIANA HAUBERT e JULIA LINDNER

O MDB homologou ontem em convenção a candidatur­a de Henrique Meirelles à Presidênci­a com o desafio de romper o isolamento político. Com 1% das intenções de voto e enfrentand­o resistênci­as em diretórios do partido, sobretudo no Nordeste, Meirelles terá a difícil tarefa de se equilibrar entre a rejeição do presidente Michel Temer e colar sua imagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, apesar de preso, lidera as pesquisas.

A senadora Marta Suplicy (SP) foi sondada para ocupar a vaga de vice na chapa de Meirelles, mas não deu uma resposta. Ex-petista, Marta não apareceu na convenção.

Ao discursar em uma plataforma que parecia uma arena, Meirelles indicou a estratégia de campanha e citou Lula três vezes. “O mundo não se divide entre quem gosta de Lula e quem não gosta; entre quem gosta do presidente Temer e quem não gosta”, afirmou ele, que comandou o Banco Central nos dois mandatos do petista. “O mundo se divide entre quem trabalha e quem não trabalha.”

A candidatur­a foi aprovada por 357 dos 419 votos depositado­s, o equivalent­e a 85% do total. Maior partido do País, o MDB terá aproximada­mente 1 minuto e meio por bloco na propaganda de TV, mas só conseguiu fechar aliança com PHS, partido com apenas 6 segundos no horário eleitoral.

Ancorado pelo slogan “Chama o Meirelles”, ele se apresentou como um candidato que não foge “à luta”. Propôs um “pacto de confiança”, embora não tenha nem dentro da legenda a garantia de que não será abandonado na disputa. Muitos dos seus pares o veem com desconfian­ça e ceticismo, mas aceitaram a candidatur­a porque ele dispõe de recursos próprios para bancar a campanha, deixando a maior fatia dos R$ 234 milhões que o MDB tem no Fundo Eleitoral à disposição dos concorrent­es à Câmara e ao Senado.

Estados. A próxima tarefa de Meirelles será conquistar aliados. O MDB planeja ter candidato próprio em 14 Estados. Nos principais colégios eleitorais, porém, a situação do ex-ministro é incômoda e ele tende a ficar sem palanques regionais. Há focos claros de resistênci­a em Alagoas, no Paraná, em Pernambuco e Sergipe. No Sudeste, o ex-titular da Fazenda terá palanque apenas em São Paulo, onde o MDB lançou Paulo Skaf para o governo. No Rio, o partido vai apoiar o ex-prefeito Eduardo Paes, hoje no DEM, sigla que se aliou ao tucano Geraldo Alckmin. Em Minas, o MDB chancelará a reeleição do governador Fernando Pimentel (PT).

“Eu vou votar no Lula ou no candidato indicado por ele, que pode ser o Haddad”, disse o governador de Alagoas, Renan Filho, em alusão ao ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

“Não vamos enquadrar ninguém. Apoio não se obriga, se conquista”, disse o presidente do MDB, senador Romero Jucá (RR). O senador Renan Calheiros (AL) não discursou na convenção. “Não vou falar para ninguém”, afirmou Renan, reclamando do fato de que nenhum dirigente foi chamado para a mesa principal até a chegada de Meirelles e de Temer. “Essa candidatur­a é um mico.”

Temer, por sua vez, chamou adversário­s de “pigmeus políticos”. “Como não têm projeto, vão para a baixaria. Nós não somos pigmeus. O MDB é feito de gigantes”, disse o presidente.

O ex-ministro pincelou propostas de seu plano de governo. Falou em criar um Cartão da Família com crédito de recursos do Bolsa Família; o Brasil Integrado, pacote de obras de infraestru­tura; o Pró-Criança, para alunos pobres se matricular­em em creches particular­es; e o Brasil Seguro e Forte, com foco em cooperação de inteligênc­ia entre forças de segurança.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Meirelles. Convenção do MDB aprova candidatur­a de ex-ministro.
 ?? DIDA SAMPAIO/ESTADÃO ?? Brasília. Henrique Meirelles durante convenção do MDB, ontem, que confirmou sua candidatur­a; ex-ministro da Fazenda enfrenta resistênci­a no partido
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Brasília. Henrique Meirelles durante convenção do MDB, ontem, que confirmou sua candidatur­a; ex-ministro da Fazenda enfrenta resistênci­a no partido

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