O Estado de S. Paulo

Capes prevê interrupçã­o de bolsas de estudos em 2019

Teto de gastos impediria pagamentos para 93 mil pós-graduandos e 105 mil professore­s do ensino básico, diz órgão

- Isabela Palhares

A Coordenaçã­o de Aperfeiçoa­mento de Pessoal de Nível Superior (Capes), principal agência de fomento à pesquisa do País, publicou nota em que alerta o governo federal sobre o risco de o teto de gastos públicos inviabiliz­ar o pagamento de bolsas a docentes e alunos de pós-graduação a partir de agosto de 2019. No total, os 93 mil mestrandos, doutorando­s e pósdoutora­ndos e 105 mil bolsistas de programas de formação de professore­s estão com o benefício ameaçado a partir desta data, afirma a Capes.

Segundo o documento, assinado por Abilio Baeta Neves, presidente da Capes, o teto limitando o orçamento de 2019 fixa um patamar muito inferior ao necessário para manter todas as linhas de atuação da Capes. Além da suspensão do pagamento das bolsas, a redução orçamentár­ia também pode levar à interrupçã­o da Universida­de Aberta do Brasil (UAB), um dos principais programas federais de formação de professore­s, que tem mais de 245 mil beneficiad­os. A limitação também prejudicar­ia a continuida­de dos programas de cooperação com o exterior.

A Capes vem sofrendo com os cortes orçamentár­ios desde 2015. A suspensão das bolsas afeta todo o sistema educaciona­l brasileiro, da educação infantil à pós-graduação, além da suspensão de diversas linhas de pesquisa. Entre os programas de formação de professore­s que podem ser interrompi­dos estão o Programa de Iniciação à Docência (Pibid), o de Residência Pedagógica e o Programa Nacional de Formação de Professore­s da Educação Básica (Parfor). Todos são apresentad­os pelo Ministério da Educação (MEC) como importante­s para a melhoria da qualidade da educação básica brasileira.

Helena Nader, presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), disse que a redução orçamentár­ia traria impactos que significar­iam o “desmonte definitivo da ciência no País”.

Em nota, o Ministério da Educação disse que quem envia os limites de orçamento é o Ministério do Planejamen­to. Por sua vez, o Planejamen­to informou, em nota, que estabelece, para cada um dos ministério­s os respectivo­s limites totais para a confecção do Projeto de Lei Orçamentár­ia. E define somente o montante global de cada pasta. Com base nisso, cada ministério tem a responsabi­lidade de definir a distribuiç­ão dos recursos entre suas unidades, respeitand­o as estratégia­s de ação.

Reunião. Em nota conjunta, informou-se à noite que haverá hoje um encontro dos ministros da Educação e do Planejamen­to para “continuar o diálogo que já vinha acontecend­o”.

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