O Estado de S. Paulo

No palco, a reunião da família Ramil

Músicos de diferentes gerações do clã trazem projeto especial a SP

- Adriana Del Ré

Cada vez que a família Ramil sobe ao palco junta é como se estivesse novamente reunida na sala de sua casa de veraneio, na Praia do Laranjal, em Pelotas, no Sul do País. A troca de experiênci­a entre diferentes gerações, a confratern­ização através da música, a lembrança de antigas histórias. Está tudo ali. E esse momento intimista chega ao público graças ao projeto Casa Ramil, que será apresentad­o agora, em São Paulo, no Sesc Vila Mariana, nesta sexta, 3, sábado, 4, e domingo, 5.

Para formar o projeto, os irmãos Vitor Ramil, Kleiton e Kledir (que integram a famosa dupla) se juntaram a Ian, Gutcha, Thiago e João Ramil, da ala mais jovem do clã que segue os mesmos passos na música. Em comum: todos são artistas completos: cantores, compositor­es e instrument­istas. Enquanto isso, nos bastidores, Karina e Kaio, filhos de Kleiton, atuam na direção e produção, respectiva­mente.

A ideia dessa reunião partiu há dois anos de outro membro da família, a empresária Branca Ramil, irmã de Vitor, Kleiton e Kledir, pensando não só em transforma­r esse encontro em show, mas também em homenagear a matriarca, Dalva Ramil. “A mãe está com 92 anos, a gente tem muita gratidão a ela. A Branca tem uma relação muito forte com ela e comentava muito isso conosco, que achava que a mãe tinha que ser homenagead­a, porque ela é a matriz disso tudo”, conta Kleiton. “Apesar de não ter sido uma artista na juventude, ela cantava bem, tem sensibilid­ade musical. Nossa casa era cheia de discos, ela e meu pai dançavam muito bem, dançavam tango, cantavam muito bem, tinha uma cultura musical muito boa, do erudito ao popular.”

Aliás, mesmo não tendo estudado música formalment­e, o casal estimulava os filhos, ao completare­m 6 anos, a escolher um instrument­o e a entrar no conservató­rio. “Começou a se formar esse ambiente dentro de casa. Por exemplo, eu era o sexto filho e, quando chegou minha hora, todos cantavam e tocavam na minha casa”, recorda-se Vitor. “Então, eu, pequeno, me criei naquele ambiente, com violão para todos os lados, instrument­os de tudo o que é tipo.”

O nome do projeto também carrega outra história afetiva do clã. Foi inspirado na fábrica de móveis que o avô de Vitor, Kleiton e Kledir, o espanhol Manuel Ramil, abriu em Montevidéu, a Casa Ramil – Muebles y Decoracion­es (Vitor mantém em sua casa, como relíquia, um antigo cartão da fábrica, assim como vários móveis fabricados pelo avô).

Em Casa Ramil, o show, todos os músicos permanecem juntos durante toda a apresentaç­ão, alternando no repertório canções compostas também por todos eles. Da dupla Kleiton & Kledir, por exemplo, foram escolhidos clássicos como Vira Virou e Deu Pra Ti. “Houve uma primeira triagem bem simples, com votações. Algumas foram unanimidad­es, como Vira Virou, o que, para mim, é um orgulho, porque é uma música da minha autoria, e a geração mais nova toda votou nela”, celebra Kleiton, que conta ainda que as canções ganharam novos arranjos para o projeto: “Quem assistir ao espetáculo vai perceber que tem uma coisa nova na questão estética sonora, e o repertório ficou bem moderno, atual”.

 ?? MARCELO SOARES ?? Afinidades. Kleiton, Kledir, Vitor, Ian, Gutcha, Thiago e João: repertório do show tem composiçõe­s de todos e novos arranjos
MARCELO SOARES Afinidades. Kleiton, Kledir, Vitor, Ian, Gutcha, Thiago e João: repertório do show tem composiçõe­s de todos e novos arranjos

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