O Estado de S. Paulo

Alckmin mira em Bolsonaro e defende ‘ordem democrátic­a’

Oficializa­do como candidato à Presidênci­a, tucano acredita que o PT, partido do ex-presidente Lula, será seu principal rival na eleição

- Renan Truffi Breno Pires / BRASÍLIA Pedro Venceslau

Doze anos depois de disputar a Presidênci­a contra Luiz Inácio Lula da Silva, o tucano Geraldo Alckmin teve o seu nome novamente confirmado como o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto. Em convenção ontem, em Brasília, o tucano fez um discurso repleto de críticas indiretas ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro, e também ao PT.

“Ainda hoje na América Latina vemos degenerar regimes conduzidos por quem promete dar murro na mesa, dizendo que faz e acontece, que pode governar sozinho, ou acompanhad­o apenas por um grupo de fanáticos”, disse. “Gente assim quer é ditadura. Ditadura que logo degenera em anarquia. Precisamos da ordem democrátic­a, que dialoga, que não exclui, que tolera as diferenças, que ouve o contraditó­rio, que não joga brasileiro­s contra brasileiro­s, ricos contra pobres, homens contra mulheres, que não busca resolver tudo na pancadaria nem usa o ódio como combustíve­l da manipulaçã­o eleitoral”, afirmou o tucano, que teve o seu nome referendad­o por 288 votos a favor, 1 contrário e 1 abstenção.

Embora implícitas, as referência­s a Bolsonaro têm como base o fato de a campanha entender que o PT não deve tomar a iniciativa de desconstru­ir o candidato do PSL, a exemplo do que fizeram com Marina Silva em 2014. Naquele ano, o candidato tucano, Aécio Neves, se preservou até a reta final da campanha e foi ao segundo turno beneficiad­o pelos

ataques petistas a ex-ministra.

Ao mesmo tempo, a cúpula do PSDB acredita que o candidato do PT, seja quem for, estará no 2º turno. Ao colocar também o partido de Lula na linha de tiro, Alckmin busca atrair o eleitor antipetist­a de Bolsonaro e se reconectar com a base tucana.

Um passo nesta direção já havia sido dado com a inclusão na chapa da senadora Ana Amélia (PP-RS), conhecida por suas críticas ferrenhas aos petistas. Tratada como “vice dos sonhos” por Alckmin, ela esteve durante o tempo todos ao lado do tucano no evento.

Alckmin também usou o seu primeiro discurso como candidato para defender o leque de partidos que conseguiu atrair para sua coligação. O tucano tem sido criticado por se aliar a políticos investigad­os. “Não basta um homem e uma mulher, um governo de qualidade requer alianças”, defendeu. “Aqueles que dizem que aprovarão reformas, sem o apoio da maioria dos partidos, mentem.”

Aliança. Dono da maior aliança eleitoral até agora, com nove partidos, Alckmin fez uma espécie de “maratona” por convenções partidária­s de aliados em Brasília. Esteve pela manhã na do PPS e depois na do PR, em qual pediu que transmitis­sem “um grande abraço” à principal liderança do partido: Valdemar Costa Neto, ex-presidente da legenda, que não estava presente.

Dos últimos candidatos à Presidênci­a do partido, apenas o senador Aécio Neves (PSDBMG), que disputou em 2014, não participou do evento em Brasília. Réu no Supremo Tribunal Federal, o mineiro desistiu de tentar a reeleição para disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados. “Dos fundadores do partido, só restaram nós dois: eu e Fernando Henrique Cardoso”, disse o senador José Serra (PSDB-SP) ao lado do expresiden­te. Serra foi candidato em 2002 e em 2010.

Entre os líderes do Centrão, apenas ACM Neto, presidente do DEM, esteve com Alckmin e discursou no evento. Nomes como Valdemar, Ciro Nogueira, presidente do PP, Marcos Pereira, do PRB, e Paulinho da Força, do Solidaried­ade, investigad­os na Lava Jato, não participar­am do evento.

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SERGIO LIMA/AFP

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