O Estado de S. Paulo

Em convenção, Marina critica ‘centrões de direita e esquerda’

Candidata da Rede, que disputa Presidênci­a pela terceira vez, critica rivais e diz que está preparada para unir o Brasil

- Marianna Holanda ENVIADA ESPECIAL Mariana Haubert

Pela terceira vez na disputa à Presidênci­a da República, Marina Silva foi oficializa­da ontem como postulante ao cargo nas eleições 2018 em convenção nacional da Rede, realizada em Brasília. A votação do partido foi feita por aclamação. Em um tom mais assertivo do que em eleições anteriores, ela se apresentou como o “projeto mais preparado” para “unir o Brasil” e com críticas aos seus principais oponentes. “O povo brasileiro não vai ser substituíd­o por centrões de direita e esquerda. No centro está o povo brasileiro”, disse, arrancando aplausos e gritos de “Brasil para frente, Marina presidente”.

Apesar de ser uma campanha com mais “cara” de Marina, ela vai disputar com menos recursos, segundos de propaganda eleitoral e um partido que encolheu nos últimos anos. Esta terceira disputa de Marina será ainda uma campanha franciscan­a. A expectativ­a de gastos é de metade do fundo eleitoral, R$ 5 milhões, fora o que arrecadar de doações – até agora, foram R$ 180 mil na vaquinha online. Somado tudo, ainda fica bem longe dos R$ 44 milhões gastos em 2014 e R$ 24 milhões, em 2010.

Marina rebateu as críticas feitas por adversário­s de que seu eventual governo não teria viabilidad­e por ela não ter conseguido realizar alianças com partidos de expressão no Congresso Nacional. A Rede se uniu ao PV, uma sigla com pouca representa­tividade no País e que tem uma capilarida­de bastante limitada.

“Estão dizendo que não temos viabilidad­e mesmo quando as pesquisas nos colocam de forma favorável. Mas o que me assusta é não termos a viabilidad­e porque não substituím­os a população pelo Centrão, é porque não trocamos o futuro dos brasileiro­s por tempo de televisão”, disse.

Marina chegou ao evento acompanhad­a por seu vice, o ex-deputado Eduardo Jorge, do PV. A coligação entre os dois partidos, chamada “Unidos para transforma­r o Brasil”, enfrentará o desafio de conseguir levar a campanha aos eleitores já que terá apenas 26 segundos em cada bloco da propaganda eleitoral na televisão, segundo o Estadão Dados. Um dos desafios da aliança é alinhar um programa de governo que tenha consenso. Marina disputou a Presidênci­a pela primeira vez em 2010 pelo PV.

Na época, causou atrito no partido o fato de a candidata, evangélica, ser contra duas bandeiras históricas dos verdes: descrimina­lização do aborto e das drogas. Eduardo Jorge afirmou que vai conversar para acertar os pontos do programa. “Existe uma concordânc­ia muito grande, mas temos sugestões, na área da reforma política (por exemplo).” Marina se esquivou. “Fui candidata pelo PV e a mesma intermedia­ção que o PV fez com o olhar daqueles que se filiaram ao PV é a mesma que está sendo feita agora.”

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