O Estado de S. Paulo

Deputados apresentam 341 projetos desde 2015

Mais de cem deputados apresentar­am projetos na área; privilégio­s e direitos das carreiras policiais são a maioria

-

A expressão legislativ­a da bancada da bala vai além dos deputados de seu núcleo duro. Ao todo, 104 dos 513 deputados apresentar­am nos últimos três anos projetos de lei ou propostas de emenda à Constituiç­ão que tratam de mudanças na legislação sobre armas e munições ou de direitos e privilégio­s de carreiras policiais. Em meio às discussões sobre a escalada da violência, mais deputados se posicionam sobre “o direito à autodefesa” (que se traduz no direito de portar arma) e o endurecime­nto penal.

O Estadão/Broadcast fez um levantamen­to inédito sobre as propostas que envolvem armas e munições ou direitos de categorias policiais e forças de segurança e começaram a tramitar na Câmara na atual legislatur­a. Desde 2015, foram apresentad­os 341 projetos que atendem aos interesses da bancada da bala. A maior parte (221) trata dos direitos e benefícios das carreiras de policiais e bombeiros. Já

os projetos sobre armamento foram 112, sendo a maioria para alterar o Estatuto do Desarmamen­to, flexibiliz­ando o comércio e o porte de armas.

Quando o assunto são os direitos e privilégio­s das carreiras policiais, o monopólio da bancada da bala é ainda maior. Os 221 projetos com essa temática desde

2015 têm 64 autores, sendo 23 da bancada da bala propriamen­te dita. Ao todo, esses 23 políticos foram responsáve­is por 170 projetos do total (77%) nessa área.

A reportagem focou nessas duas áreas – armamento e questões policiais – para analisar a atuação do núcleo principal da bancada da bala. Mas o Instituto Sou da Paz mostrou recentemen­te que a maioria dos projetos sobre segurança e Justiça criminal no Congresso trata, principalm­ente, de criminaliz­ação e aumento de pena. Segundo a entidade, foram 463 projetos de lei sobre o assunto só em 2016, na Câmara. Desses, em primeiro lugar, com 16,4% (76 projetos), aparecem projetos que buscam criminaliz­ar condutas. Em segundo, 15,3% das propostas (71 projetos), estão as sugestões para aumentar a pena de um crime já previsto em lei.

PEC. Quanto a propostas de emenda à Constituiç­ão, o Sou da Paz considerou 116 na Câmara, em 2016. A maior parte (33,3%) tratava de questões relacionad­as a interesses corporativ­os. Outras 20,83% são sobre processo penal. “O que você vê é um aumento significat­ivo de parlamenta­res, ao longo dos anos, eleitos, cuja profissão é relativa a carreiras policiais. Há aumento contínuo nas últimas quatro eleições”, disse o coordenado­r de Relações Institucio­nais do Sou da Paz, Felippe Angeli.

 ?? DIDA SAMPAIO/ESTADÃO ?? Câma r a . Integrante­s da Frente Parlamenta­r da Segurança Pública, que foi criada em 2015
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Câma r a . Integrante­s da Frente Parlamenta­r da Segurança Pública, que foi criada em 2015
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil