O Estado de S. Paulo

Os números da indústria são pouco animadores

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Apenas aparenteme­nte a forte alta de 13,1% da produção industrial nacional entre maio e junho apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE) significa retomada expressiva do setor secundário após o agudo declínio de maio. Mais correta é a avaliação de analistas privados de que numa perspectiv­a de longo prazo a indústria continua patinando, à espera de ventos melhores que poderão chegar com o próximo governo.

Na comparação entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano houve um recuo, com dados dessazonal­izados, de 2,5% da indústria. Entre os primeiros semestres de 2017 e de 2018 o avanço foi de apenas 2,3%. A evolução de 3,5% entre junho de 2017 e junho de 2018 foi insuficien­te para compensar a queda de 6,6% verificada entre maio de 2017 e maio de 2018, mês marcado pela greve dos transporta­dores que teve efeitos devastador­es sobre a economia. Em junho mal foram superados esses efeitos, de modo que não se pode falar, pelo menos com os dados relativos ao fim do primeiro semestre, em recuperaçã­o do setor secundário.

Como enfatizou o gerente de coordenaçã­o de indústria do IBGE, André Macedo, o resultado de junho precisa ser visto com cautela, “claro que a situação já foi pior, mas há um caminho importante a ser percorrido para que se recuperem as perdas do passado”, acrescento­u Macedo.

As categorias que tiveram desempenho melhor foram bens duráveis de consumo, com alta de 14,3% entre os primeiros semestres de 2017 e de 2018, e bens de capital, com alta de 9,5% no mesmo período. Outros avanços foram quase irrelevant­es, caso de bens intermediá­rios (+0,9%) e bens de consumo semiduráve­is ou não duráveis (+0,7%).

Os números da indústria no segundo trimestre sugerem que a economia brasileira não cresceu no segundo trimestre. “Pode ficar mais perto do zero, mas não dá para descartar uma queda”, avaliou a economista-chefe da ARX Investimen­tos, Solange Srour Chachamovi­tz.

O nível atual de produção é cerca de 14% inferior ao do pico histórico registrado em maio de 2011, calcula o Instituto de Estudos para o Desenvolvi­mento Industrial (Iedi). Recuperar o espaço perdido, se isso for possível, dependerá de uma longa série de bons resultados. E não de um recorde episódico de cresciment­o da produção, como ocorreu em junho.

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