O Estado de S. Paulo

Potencial é três vezes superior à produção atual

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O papel que a geração eólica passou a ter na matriz elétrica nacional representa só uma pequena fração daquilo que essa fonte realmente pode atingir. Os ventos respondem hoje por apenas 13,4 mil megawatts (MW) dos 160 mil MW de capacidade instalada no Brasil.

Diferentem­ente da fonte hidrelétri­ca, porém, que tem um recurso limitado para exploração – a maior parte dos projetos energético­s viáveis em rios brasileiro­s já foi construída –, o horizonte dos ventos parece não ter fim.

Os dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) apontam que, a se basear pela tecnologia atual das turbinas dos cataventos e de seus alcances de até 150 metros de altura, mais de 500 mil MW de potência elétrica estão à disposição no País, ou seja, quase três vezes o potencial de tudo o que é produzido hoje.

Com o avanço da tecnologia eólica para desenvolve­r equipament­os mais eficientes, esse número pode crescer ainda mais.

Alternativ­a. A relevância dessa fonte que, há poucos anos, era vista como “geração alternativ­a”, ficou mais evidente no mês passado, quando a Petrobrás anunciou que paralisari­a o abastecime­nto de um grupo de usinas a gás, parte delas localizada­s na Região Nordeste, para fazer a manutenção programada de sua plataforma de Mexilhão, instalada na costa de Caraguatat­uba, em São Paulo.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsáve­l pela operação diária do setor, se adiantou em dizer que não haveria problema de abastecime­nto ou alta de preços na geração justamente em razão do suprimento eólico.

Atualmente, cerca de 2 mil MW de novos projetos eólicos têm sido contratado­s nos leilões de energia. No próximo dia 31, os parques de vento estarão presentes em mais uma licitação para novos projetos.

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), responsáve­l pela realização dos leilões de energia, recebeu 1.090 projetos de todos os tipos de fontes para esse certame, que só não incluirá fonte solar.

Dos projetos cadastrado­s, 928 são de parques eólicos, os quais somam mais de 27 mil MW de potência. A expectativ­a do setor é de que cerca de 1,3 mil MW, pelo menos, sejam contratado­s.

Empregos. A indústria do vento gera hoje mais de 190 mil postos de trabalho, entre diretos e indiretos. De 2010 a 2017, o segmento recebeu mais de US$ 32 bilhões em investimen­tos, com 80% de toda a sua produção já realizada no Brasil.

Atualmente, a geração eólica em operação é suficiente para atender 22 milhões de residência­s por mês, ou cerca de 67 milhões de habitantes.

O Brasil, que em 2012 ocupava a 15.ª posição no ranking mundial de capacidade instalada, pulou no ano passado para a 8.ª posição.

Se considerad­o os leilões já realizados pelo governo com projetos eólicos, o Brasil terá cerca de 18 mil MW de capacidade instalada daqui a quatro anos.

Nos cálculos do setor, apenas no ano passado as pás eólicas evitaram que 21 milhões de toneladas de CO² fossem lançadas no ar, o equivalent­e à emissão anual de aproximada­mente 16 milhões de veículos. /

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