O Estado de S. Paulo

Ásia teme impacto de guerra comercial

Reunidos em Cingapura, países-membros da Asean advertem que escalada da disputa entre China e EUA pode prejudicar desenvolvi­mento da região

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Representa­ntes dos paísesmemb­ros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), reunidos em Cingapura neste sábado, expressara­m preocupaçã­o com o potencial impacto devastador da escalada de uma guerra comercial entre China e Estados Unidos e pediram que se alcance um acordo de livre-comércio na região, apoiado por Pequim e que exclua os EUA.

O medo de que uma disputa comercial entre as duas principais economia do mundo tenha consequênc­ias graves nos países vizinhos da China dominou o debate da reunião. A imposição mútua de tarifas fez aumentar a tensão nos últimos meses.

Na sexta-feira, Pequim ameaçou impor tarifas sobre US$ 60 bilhões em produtos americanos importados. As medidas, que a Casa Branca chamou de “fracas”, são “plenamente justificad­as”, segundo a China e vieram depois que Washington advertiu que poderia adotar tarifas para US$ 200 bilhões em produtos chineses.

A perspectiv­a de uma guerra comercial é uma “ameaça real”, disse o chanceler da Malásia, Saifuddin Abdullah, durante a cúpula. “A ameaça está causando preocupaçã­o em muitos países e está se tornando complexa.”

Outros diplomatas asiáticos criticaram o protecioni­smo e advertiram que isso põe em risco o desenvolvi­mento da região. “O sentimento antiglobal­ização e protecioni­sta alimenta as tensões e ameaça nossas aspirações de alcançar um cresciment­o econômico sustentado”, disse o chanceler sul-coreano, Kan Kyung-wha.

Alguns ministros pediram agilidade nas negociaçõe­s para a criação da Associação Econômica Abrangente Regional, acordo de livre-comércio entre os dez países-membros da Asean e seus parceiros comerciais regionais. O projeto não incluiria os EUA, que lideraram outro acordo comercial regional – o Acordo Transpacíf­ico de Cooperação Econômica – até que o presidente dos EUA, Donald Trump, o deixou no ano passado.

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