O Estado de S. Paulo

Amor universal

Depois de ‘Faroeste Caboclo’, é a vez de ‘Eduardo e Mônica’, de Renato Russo, ser adaptada para os cinemas.

- Pedro Antunes

Alice e Gabriel não eram nada parecidos, ela é de Áries e ele tem 25. Ela gostava de Ramones, ele de The Who. Ela estrelava como atriz filmes internacio­nais quando ele, talvez, ainda frequentas­se as aulinhas de inglês. “Quem um dia irá dizer...”, canta Renato Russo, naquela que é uma das mais famosas canções gravadas com a banda dele, a Legião Urbana. Gabriel e Alice são Gabriel Leone e Alice Braga, os responsáve­is por dar vida a Eduardo e Mônica, os personagen­s da nova adaptação de uma letra de Renato para as telonas – seguindo o movimento que levou Faroeste Caboclo para os cinemas.

Novamente sob a batuta do diretor René Sampaio, também diretor da trajetória de João do Santo Cristo, Eduardo e Mônica, o filme, tem estreia prevista para o segundo semestre de 2019. A realização é de Gávea Filmes, Barry Company e Fogo Cerrado, uma coprodução da Globo Filmes e distribuiç­ão da Downtown.

E como ocorreu em 2015, na época da celebração dos 30 anos do primeiro disco da Legião Urbana, Marcelo Bonfá e Dado VillaLobos voltam a sair em turnê como Legião Urbana, acompanhad­os de André Frateschi (voz), Lucas Vasconcell­os (violão e guitarra), Roberto Pollo (teclados) e Mauro Berman (baixo). Na primeira vez, eles comemorara­m o repertório do álbum de estreia e depois passaram para outros sucessos da carreira do grupo. Ao longo de um ano e meio, foram 100 apresentaç­ões e um público total de 500 mil pessoas. Agora, a turnê que se inicia em Miami (6 e 7 de setembro) foca no repertório do segundo e terceiro disco da Legião, Dois (1986) e Que País É Este? (1987). O grupo, por enquanto, tem programado apresentaç­ões em Santos (dia 14 de setembro, no Mendes Convention Center), Rio de Janeiro (dia 15, no Km de Vantagens Hall), Belo Horizonte (dia 22, no Km de Vantagens Hall BH), Salvador (dia 29, na Concha Acústica), São Paulo (5 de outubro, no Espaço das Américas) e Vila Velha (dia 11 de outubro, no Área de Eventos Shopping Vila Velha).

Se Que País é Este? é um álbum mais raivoso, com parte das canções feitas para a banda punk Aborto Elétrico – um sinal de uma banda esgotada criativame­nte e fisicament­e após dois discos e turnês intensas –, Dois é a Legião Urbana em forma, na medida entre o peso do punk, a doçura do folk e as letras inspiradas de Renato Russo.

E de Dois, por exemplo, que vem Eduardo e Mônica, uma canção descrita por Dado como “um argumento para um filme”. Argumento, sim, mas embora os quatro minutos e 31 segundos de canção sejam descritivo­s, sabese pouco de Eduardo e Mônica como personagen­s e seus desenvolvi­mentos particular­es – além das preferênci­as dela por cinema de arte, estudar Medicina, ouvir Caetano Veloso e Mutantes, enquanto o rapaz, aos 16 anos, jogava futebol de botão com o avô e assistia novelas na TV.

“Não estamos fazendo um videoclipe para essa música”, faz questão de explicar Bianca De Felippes, a produtora do longa, enquanto espera pelo diretor de arte do filme, Tiago Marquês, na sala transforma­da em QG da equipe comandada por Marquês e incumbida de transforma­r o roteiro assinado a oito mãos (Mateus Souza, Claudia Souto, Jessica Candal e Michele Franzt) em realidade na tela.

Faltavam poucos minutos para a sexta-feira, 3, no intervalo entre a filmagem de uma cena e outra, quando René Sampaio e os protagonis­tas de Eduardo e Mônica sentaram-se em um camarim montado ao lado da casa da personagem interpreta­da por Alice Braga para conversar com o Estado sobre o longa. Era uma madrugada de frio ameno (o termômetro de rua próximo marcava 16ºC).

Alice conta ter ouvido a canção-base para filme pela vez aos 12, 13 anos, em uma viagem por Florianópo­lis, no rádio do carro dirigido por Jorge Furtado, amigo de sua mãe. Leone, fã confesso da Legião, diz achar que Dois “é um dos maiores discos da música brasileira”.

Eduardo e Mônica, o filme, expande o que se ouve em Eduardo e Mônica, a canção, defende Sampaio, diante dos olhares de aprovação de seus dois atores. Para ele, “todo mundo já foi Eduardo ou Mônica”. “Não só no sentido da idade”, ele diz. E cita a própria letra de Renato Russo para falar sobre a dualidade a ser tratada na telona, entre razão e coração: “Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?”

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JANINE MORAES Adaptação. Gabriel Leone e Alice Braga estrelam filme
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GÁVEA FILMES
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JAMILA BARBOSA Magia e meditação. Gabriel Leone e Alice Braga, Eduardo e Mônica
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JANINE MORAES

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