O Estado de S. Paulo

Carro ‘pelado’ começa a dizer adeus ao Brasil

Tendência é simplifica­ção de gamas e fim de versões sem itens como ar, direção assistida, vidros e travas elétricos. Um dos que foram “enxugados” é o VW Voyage (D)

- Rafaela Borges

Volkswagen, Toyota e Fiat estão entre as marcas que simplifica­ram uma ou diversas de suas gamas de produtos recentemen­te no Brasil. Seja reduzindo o número de versões ou a oferta de combinaçõe­s (entre cores, motores, equipament­os, etc), as montadoras deixaram suas linhas mais enxutas. Entre os modelos que já passaram pelo processo estão Fiat Uno, Toyota Etios e vários hatches da Volks (confira detalhes abaixo).

Essas simplifica­ções visam, entre outras razões, evitar o fenômeno conhecido como “canibaliza­ção” – quando um modelo rouba clientes de outro da mesma marca. “Todo mundo ganha dentro da cadeia de produção: montadora, concession­ária e consumidor”, afirma o vice-presidente de vendas e marketing da Volkswagen do Brasil, Gustavo Schmidt.

De acordo com ele, atualmente todos os carros da marca saem de fábrica com ar-condiciona­do e direção assistida. “Vimos que o brasileiro não aceitava mais veículos sem esses equipament­os”, explica o executivo. “Isso melhora a relação custo-benefício do carro, pois, com o ganho de escala, esses itens ficam mais baratos.”

“Quanto maior é a escala de produção, melhor é o custo do componente”, concorda o consultor da ADK Automotive, Paulo Roberto Garbossa. O especialis­ta diz que a simplifica­ção da gama deixa a cadeia de produção mais ágil, o que também contribui para reduzir custos. Essa economia, teoricamen­te, pode se refletir nos preços dos produtos finais, os veículos. Na prática, isso não vem ocorrendo.

Menos versões. Com o enxugament­o das linhas, o cliente tem menos opções à disposição na hora de configurar o veículo, além de não contar com as antigas versões mais simples e também mais baratas. Em maio, o VW Up! de entrada, por exemplo, partia de cerca de R$ 40 mil. Agora, parte de R$ 51.290. Ou seja: ficou mais caro que as configuraç­ões de entrada de Fox e Polo, que partem de, respectiva­mente, R$ 49.990 e R$ 50.670.

“Refizemos o posicionam­ento de mercado de nossos hatches, deixando mais claro para que tipo de público cada um é voltado”, afirma Schmidt. A partir de R$ 44.990, o carro de entrada da VW voltou a ser o Gol. “O Up! passou a ser voltado a um cliente de maior poder aquisitivo”, diz o executivo. “Em muitos casos, o Up! é o segundo ou terceiro carro da família.” Entrega rápida. Schmidt complement­a que, graças à maior agilidade na cadeia produtiva, o prazo de entrega foi reduzido. “Além disso, quase sempre a concession­ária tem o carro que o cliente quer disponível para pronta entrega.”

Outra vantagem da simplifica­ção das versões da gama de hatches da Volkswagen apontada pelo executivo é o melhor valor no momento da revenda. “As versões usadas mais valorizada­s sempre foram as mais bem equipadas”, explica.

“Quase sempre o cliente encontra o carro que quer com entrega imediata” Gustavo Schmidt, VICE-PRESIDENTE DA VW

 ?? VOLKSWAGEN ??
VOLKSWAGEN
 ?? GABRIELA BILÓ/ESTADÃO ??
GABRIELA BILÓ/ESTADÃO
 ?? FELIPE RAU/ESTADÃO ?? Inversão. Gol (acima) substituiu o Up! e voltou a ser o VW de entrada. Etios (esq.) perdeu as opções mais caras com a chegada do Yaris
FELIPE RAU/ESTADÃO Inversão. Gol (acima) substituiu o Up! e voltou a ser o VW de entrada. Etios (esq.) perdeu as opções mais caras com a chegada do Yaris

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil