Ana Carla Abrão
James McCormack, diretor da agência de classificação, afirma que, se a moeda dos EUA ficar mais forte, as notas desses países tendem a cair
Esta talvez seja a nossa mais importante eleição. Não podemos errar. Já erramos muito nos últimos anos.
A valorização do dólar representa a maior ameaça a mercados emergentes e pressiona as notas de crédito desses países, disse ontem o chefe global de ratings soberanos da Fitch Ratings, James McCormack. Em evento realizado em São Paulo, McCormack comentou que a depreciação cambial encarece o custo da dívida externa e costuma levar a uma diminuição das reservas internacionais dos países em desenvolvimento.
Ele acrescentou que, com o dólar mais alto, as commodities, cotadas em moeda americana, geralmente perdem valor. Ao mesmo tempo, observou, o impacto positivo nas exportações não se comprova ao longo do tempo.
O diretor da Fitch adiantou que, se o dólar ficar mais forte, como prevê a agência de classificação de risco, o rating dos emergentes tende a cair. Ele frisou, no entanto, que sua avaliação recai sobre mercados emergentes em geral, não especificamente sobre o Brasil.
No início do mês, a Fitch manteve a perspectiva estável do rating soberano brasileiro, o que indica manutenção da nota de crédito no curto prazo. Hoje, McCormack ponderou, contudo, que o Brasil apresenta o maior risco político entre países da América Latina.
Numa palestra sobre a economia global, McCormack traçou um cenário de dificuldades para as economias emergentes no ano que vem, já que, pela primeira vez em mais de uma década, os maiores bancos centrais do mundo devem aumentar concomitantemente os juros.
A consequência, afirmou, deve ser o enxugamento da liquidez nos mercados emergentes. “O mercado de títulos será bem diferente do que o de anos recentes.” Segundo ele, num ambiente de dólar forte, investidores não veem mercados emergentes como a melhor alternativa de rendimento porque moedas fracas são, em geral, associadas a mercados de títulos que vão mal.
O chefe global da Fitch disse ainda que a economia global crescerá mais de 3% tanto neste ano quanto em 2019, mas não exibe mais crescimento sincronizado, dado que vários países europeus estão crescendo menos de 2%.
Diferença
“O mercado de títulos públicos será bem diferente do que o de anos recentes.” James McCormack
DIRETOR DA FITCH RATINGS,