O Estado de S. Paulo

Ana Carla Abrão

James McCormack, diretor da agência de classifica­ção, afirma que, se a moeda dos EUA ficar mais forte, as notas desses países tendem a cair

- Eduardo Laguna

Esta talvez seja a nossa mais importante eleição. Não podemos errar. Já erramos muito nos últimos anos.

A valorizaçã­o do dólar representa a maior ameaça a mercados emergentes e pressiona as notas de crédito desses países, disse ontem o chefe global de ratings soberanos da Fitch Ratings, James McCormack. Em evento realizado em São Paulo, McCormack comentou que a depreciaçã­o cambial encarece o custo da dívida externa e costuma levar a uma diminuição das reservas internacio­nais dos países em desenvolvi­mento.

Ele acrescento­u que, com o dólar mais alto, as commoditie­s, cotadas em moeda americana, geralmente perdem valor. Ao mesmo tempo, observou, o impacto positivo nas exportaçõe­s não se comprova ao longo do tempo.

O diretor da Fitch adiantou que, se o dólar ficar mais forte, como prevê a agência de classifica­ção de risco, o rating dos emergentes tende a cair. Ele frisou, no entanto, que sua avaliação recai sobre mercados emergentes em geral, não especifica­mente sobre o Brasil.

No início do mês, a Fitch manteve a perspectiv­a estável do rating soberano brasileiro, o que indica manutenção da nota de crédito no curto prazo. Hoje, McCormack ponderou, contudo, que o Brasil apresenta o maior risco político entre países da América Latina.

Numa palestra sobre a economia global, McCormack traçou um cenário de dificuldad­es para as economias emergentes no ano que vem, já que, pela primeira vez em mais de uma década, os maiores bancos centrais do mundo devem aumentar concomitan­temente os juros.

A consequênc­ia, afirmou, deve ser o enxugament­o da liquidez nos mercados emergentes. “O mercado de títulos será bem diferente do que o de anos recentes.” Segundo ele, num ambiente de dólar forte, investidor­es não veem mercados emergentes como a melhor alternativ­a de rendimento porque moedas fracas são, em geral, associadas a mercados de títulos que vão mal.

O chefe global da Fitch disse ainda que a economia global crescerá mais de 3% tanto neste ano quanto em 2019, mas não exibe mais cresciment­o sincroniza­do, dado que vários países europeus estão crescendo menos de 2%.

Diferença

“O mercado de títulos públicos será bem diferente do que o de anos recentes.” James McCormack

DIRETOR DA FITCH RATINGS,

 ?? ALEX SILVA/ESTADÃO - 21/9/2015 ?? Risco. Dólar mais alto deve afetar emergentes, como Brasil
ALEX SILVA/ESTADÃO - 21/9/2015 Risco. Dólar mais alto deve afetar emergentes, como Brasil

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