O Estado de S. Paulo

Total de semáforos quebrados dobra em SP

Total de casos já supera todo o ano passado; foram, entre janeiro e junho, 1.034 ocorrência­s, ante 516 no mesmo período de 2017

- Bruno Ribeiro

O total de semáforos quebrados na cidade de São Paulo por atos de vandalismo ou ação de criminosos interessad­os nas peças dos equipament­os dobrou neste ano, na comparação com o primeiro semestre do ano passado. Foram, entre janeiro e junho deste ano, 1.034 ocorrência­s, ante 516 no mesmo período de 2017 (aumento de 100,3%). A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estima em R$ 8 milhões o prejuízo causado por essas ocorrência­s.

O principal alvo são os fios de cobre usados para a alimentaçã­o de energia dos equipament­os. Das 1.034 ocorrência­s deste ano, 711 envolveram o furto dos cabos, que totalizara­m 32 quilômetro­s de fios roubados. O restante, 323 casos, está relacionad­o à quebra ou ao roubo de partes dos controlado­res semafórico­s – as caixas metálicas que determinam o tempo de sinalizaçã­o de cada luz.

O total de casos registrado­s neste ano já é maior do que os do ano passado inteiro, quando a cidade registrou 761 ocorrência­s de vandalismo – 577 de furto de cabos e 184 registros de quebras nos controlado­res. Entretanto, o total de cabos roubados havia sido maior: 48 quilômetro­s de fios de cobre levados pelos criminosos.

Segundo a CET, um único controlado­r é responsáve­l por até cinco semáforos em um cruzamento. Os reparos dos equipament­os, depois de detectados, têm de ocorrer em até duas horas. Presidente da Associação Brasileira de Monitorame­nto e Controle Eletrônico de Trânsito, Silvio Médici destaca o perigo da ação desses criminosos, especialme­nte à noite. “Durante a madrugada, quando esses crimes ocorrem, o fluxo de trânsito é mais rápido, o que pode causar acidentes.” Mas os prejuízos à cidade também são notados durante o dia. “Sem semáforo, a lentidão do trânsito é maior”, afirma.

Precauções. A CET afirma que a maior parte dos crimes ocorre na região central. Por isso, passou a alterar o posicionam­ento dos controlado­res. Em vez de deixar as caixas metálicas fixadas às calçadas, a companhia passou a instalá-las em postes, longe do alcance das mãos. As caixas passaram a ser reforçadas com fitas de aço ao redor das portas, para dificultar o arrombamen­to das caixas.

Outra ação tem sido o compartilh­amento de informaçõe­s com a polícia. Na semana passada, uma operação policial foi montada após a companhia fazer um mapeamento de áreas com maior incidência do crime. Uma quadrilha especializ­ada na receptação de fios chegou a ser presa e lavada até o 3.º Distrito Policial (Campos Elísios). “Além disso, a companhia mantém conversas frequentes com Secretaria da Segurança Pública, Polícia Militar, Polícia Civil e Guarda Civil Metropolit­ana para identifica­ção e punição dos envolvidos nos atos”, informa a CET, em nota.

A cidade tem 6.387 cruzamento­s semaforiza­dos, mas só 1,2 mil têm monitorame­nto eletrônico, que permite a identifica­ção automática de falhas. Os demais casos são detectados pelos marronzinh­os nas ruas ou por reclamaçõe­s de munícipes, feitas pelo telefone 156 (da Prefeitura) ou pelo 1188 (atendiment­o específico da CET).

O Plano de Metas apresentad­o pela atual gestão prevê uma readequaçã­o da sinalizaçã­o viária dos 50 principais corredores de trânsito da capital até 2020, com objetivo de reduzir acidentes. É meta da Prefeitura diminuir a mortalidad­e do trânsito para 6 mortes a cada 100 mil habitantes até o mesmo ano. O índice atual, de 2017, é de 6,56 mortes para cada 100 mil.

Adaptação

“Vimos, no passado, um trabalho de reforço dos controlado­res. Mas os criminosos se adaptam.” Silvio Médici

ASSOCIAÇÃO DE MONITORAME­NTO E

CONTROLE ELETRÔNICO DE TRÂNSITO

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO Rio Branco. Maior parte dos registros no centro fez CET alterar local de caixas semafórica­s

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