O Estado de S. Paulo

O lucro da Petrobrás

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Com lucro líquido de R$ 10,1 bilhões no segundo trimestre, o maior para o período desde 2011, e de R$ 17 bilhões no primeiro semestre deste ano, a Petrobrás mostra ao País e, sobretudo, aos seus acionistas a eficácia da severa política de recuperaçã­o financeira e operaciona­l colocada em prática em maio de 2016, logo após o afastament­o do grupo que a administra­ção lulopetist­a impusera em sua gestão. O aumento da cotação internacio­nal do petróleo e a depreciaçã­o do real em relação ao dólar tiveram papel relevante na produção dos resultados do período abril-junho deste ano, mas boa parte do efeito positivo desses dois fatores poderia ter sido corroída caso a atual gestão da empresa não estivesse focada, como está, na recomposiç­ão dos principais indicadore­s de desempenho por meio da redução de custos, venda de ativos e ampliação de mercados.

O lucro registrado pela Petrobrás no segundo trimestre é 44,7% maior do que o obtido no trimestre anterior e 32 vezes maior do que o resultado alcançado em igual período do ano passado. A direção da empresa atribuiu o bom desempenho econômico-financeiro no trimestre ao aumento da participaç­ão da estatal nos mercados domésticos de diesel e de gasolina, por causa da redução da importação desses derivados por outras empresas que atuam no País. As vendas de gasolina e diesel pela Petrobrás no mercado interno aumentaram 6% (o aumento das venda de diesel foi de 15%).

Já o resultado líquido dos primeiros seis meses do ano foi 257% maior do que do primeiro semestre de 2016. Esse resultado, segundo a empresa, se deveu às margens maiores na exportação do petróleo, graças ao aumento da cotação do produto no mercado externo e às condições favoráveis da venda de derivados no Brasil, com o reajuste dos preços internos. A alta do petróleo Brent no exterior e dos preços dos combustíve­is foi mais do que suficiente para compensar a queda do volume das exportaçõe­s e do volume de vendas internas de derivados, principalm­ente gasolina e nafta.

A política de preços seguida pela empresa, de ajuste dos valores da gasolina e do diesel às oscilações da cotação do petróleo, é o que mais distingue a austeridad­e que marca sua gestão atual do populismo da era lulopetist­a. Naquela época, por imposição do governo do PT, a Petrobrás não podia reajustar os preços dos combustíve­is nem mesmo com a alta contínua do petróleo.

Sem condições de conter os fatores que pressionav­am a inflação, a começar pelo descontrol­e das contas públicas, a administra­ção petista passou a controlar preços essenciais com os dos combustíve­is e da energia elétrica. Por isso, em boa parte da era lulopetist­a a Petrobrás teve de vender seus produtos a preço inferior ao custo, razão pela qual acumulou prejuízos operaciona­is bilionário­s.

Um dos pontos centrais da política de recuperaçã­o econômico-financeira da Petrobrás adotada logo após o afastament­o de Dilma Rousseff da Presidênci­a da República foi a revisão do programa de investimen­tos de médio prazo, para adaptá-lo à realidade. No segundo trimestre deste ano, por isso, os investimen­tos, de R$ 11,31 bilhões, ficaram 1,23% abaixo do valor investido no mesmo período de 2017.

A empresa também vem se desfazendo de ativos, o que já propiciou o ingresso de US$ 5 bilhões em seu caixa neste ano. A meta para 2018 era obter recursos de US$ 21 bilhões com as vendas, mas alcançá-la tornou-se uma tarefa “mais desafiador­a”, como disse o presidente da empresa, Ivan Monteiro, em razão da decisão do Supremo Tribunal Federal de exigir que a venda de controle de ativos deve ser previament­e aprovada pelo Congresso.

Mesmo assim, a Petrobrás vem reduzindo a relação entre a dívida líquida e o patrimônio líquido, que no final do segundo trimestre ficou abaixo de 50% (estava em 51% no fim de 2017). A relação entre dívida líquida e a capacidade de geração de caixa, conhecida como alavancage­m, atingiu 3,23 vezes, ante 3,67 vezes em dezembro. A meta é reduzi-la para 2,5 vezes no fim do ano.

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