Saldo comercial mais favorável do que parece
Com exportações de US$ 22,8 bilhões e importações de US$ 18,6 bilhões, a balança comercial de julho mostrou superávit de US$ 4,2 bilhões, inferior em 28,2% ao do mês anterior e em 32,7% ao de junho de 2017. A queda não se deveu a alterações expressivas no comportamento físico do comércio exterior, mas à mudança das regras de contabilização de exportações e de importações de plataformas de petróleo. Sem isso, o saldo positivo seria da ordem de US$ 58 bilhões neste ano, segundo analistas privados. O governo espera um saldo de US$ 50 bilhões.
O avanço das importações de 21,1% pela média por dia útil entre janeiro e julho de 2017 e de 2018 é sinal de que a economia interna está reagindo. Mas será conveniente que as exportações cresçam mais do que os 7,3% verificados em igual período. As dificuldades de venda de manufaturados, enfatizadas pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), têm de ser enfrentadas com a redução do chamado custo Brasil.
As médias diárias de exportações e de importações em julho foram as mais altas de 2018 (respectivamente, US$ 1,04 bilhão e US$ 847,4 milhões), mas também esses números foram influenciados pelos critérios de contabilização de compras e vendas de plataformas.
Outros fatos devem ser destacados. O petróleo bruto ganha peso nas vendas, atingindo US$ 13,5 bilhões nos primeiros sete meses do ano, alta de 24,9% em relação a igual período de 2017. Em julho, as exportações do bruto, de US$ 3,5 bilhões, foram 112,1% superiores às julho de 2017. É evidência de preços favoráveis e da política bem-sucedida de exploração pela Petrobrás das áreas do pré-sal.
Também as exportações de soja em grão se destacaram, atingindo US$ 22,5 bilhões neste ano e US$ 4,1 bilhões em julho, aumentos, respectivamente, de 16,4% e de 53,4% em relação a iguais períodos de 2017.
As vendas de minério de ferro perderam força na comparação entre 2017 e 2018, mas, em julho, tiveram melhor comportamento, com exportações de US$ 1,8 bilhão, 47% mais do que em julho de 2017.
Em resumo, as vendas de commodities devem continuar sendo tratadas como porto seguro para o avanço do comércio exterior brasileiro. Isso é particularmente importante quando se agravam as tendências protecionistas nos Estados Unidos, pondo em risco a evolução do comércio global.