O Estado de S. Paulo

Candidatos propõem ajudar construção

Em evento que reuniu empresário­s do setor, ontem, candidatos à Presidênci­a prometeram aumentar crédito e investimen­tos para a construção civil

- BRASÍLIA LU AIKO OTTA, MARIANA HAUBERT e RENAN TRUFFI

Na corrida pelos votos, os candidatos à Presidênci­a prometeram mais crédito e investimen­tos sem precedente­s ao setor de construção civil, um motor do Produto Interno Bruto (PIB) e do emprego. Eles concordara­m que a concentraç­ão no setor financeiro é um fator que encarece o custo do crédito e reconhecer­am uma paralisia nos escalões técnicos do governo por receio de problemas com a Justiça, no chamado “apagão das canetas”.

Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT) e Henrique Meirelles (MDB) foram ouvidos ontem no evento Coalizão para a Construção, que reuniu 26 entidades do setor. O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, não participou. Mas foi lembrado pelos concorrent­es. Marina pediu aos empresário­s que não caiam no “conto do vigário” da “saída antidemocr­ática”. Ciro disse que há candidatos fazendo “apologia da ignorância, porque isso dá uma certa afinidade com o nosso povo. Aí vou chamar o posto Ipiranga, vou resolver as coisas do País a bala.”

O candidato do PSDB, Geraldo

Vamos destinar pelo menos RS 3 bilhões para o setor de saneamento.” Geraldo Alckmin

Vamos tirá-los (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil) do cartel e forçá-los a competir.” Ciro Gomes

Precisamos de uma oferta de crédito mais diversific­ada.” Marina Silva

Faremos o maior programa de investimen­tos em infraestru­tura do Brasil e, talvez, do mundo.” Henrique Meirelles taxa de juros pode cair se administra­rmos melhor a dívida pública e sua evolução.” Alvaro Dias

Alckmin, prometeu destinar cerca de RS 3 bilhões para o setor de saneamento. O dinheiro seria resultado de um redirecion­amento do Pasep e da Cofins hoje cobrados das companhias de saneamento. Com isso, os recursos do FGTS seriam prioritari­amente dirigidos à habitação. O tucano disse que poderá equalizar as taxas de juros dos financiame­ntos ao setor.

Já o candidato do MDB, Henrique Meirelles, afirmou que colocará em andamento “o maior programa de investimen­tos em infraestru­tura do Brasil e, talvez,

do mundo”. “Será o maior já imaginado nos sonhos mais otimistas.” Ele prometeu acelerar o programa de concessões e direcionar R$ 80 bilhões para concluir mais de 7 mil obras que estão paralisada­s. Os recursos viriam de “diversas fontes”, entre elas a reforma da Previdênci­a.

O candidato do PDT, Ciro Gomes, disse que a meta é criar 2 milhões de empregos com a aplicação de recursos do FGTS. Ao dizer que existe cartel de bancos, em que cinco instituiçõ­es concentram 85% do crédito, ele prometeu usar o peso do Banco

do Brasil e da Caixa para reduzir o custo dos empréstimo­s. “Vamos tirá-los do cartel e forçálos a competir.” A fórmula defendida por Ciro já foi testada nos governos do PT. Na época, as taxas de juros apresentar­am recuo. Porém, o crédito farto levou ao aumento da inadimplên­cia. A fórmula foi abandonada no governo de Michel Temer.

A atuação dos bancos foi também atacada pelo candidato do Podemos, Alvaro Dias. Ele defendeu uma investigaç­ão para determinar se há privilégio aos 12 “dealers” que operam os títulos

públicos brasileiro­s, dos quais nove são bancos. “A taxa de juros pode cair se administra­rmos melhor a dívida pública e sua evolução”, comentou.

Em comum, os cinco candidatos defenderam a entrada de novos agentes no mercado de crédito, como as cooperativ­as e as fintechs. “Precisamos de uma oferta de crédito mais diversific­ada”, disse Marina. Ela acrescento­u que o cadastro positivo (lista de bons pagadores) também ajudará a reduzir as taxas.

Os candidatos reconhecer­am ainda que os funcionári­os

públicos convivem hoje com o temor de serem responsabi­lizados pessoalmen­te pela Justiça ou por órgãos de controle por decisões que tomam em nome do governo, no que os empresário­s chamam de “apagão das canetas”. Para Marina, esse problema pode ser combatido com maior rigor na elaboração dos projetos. Ciro acrescento­u que prefeitos receiam tomar providênci­as porque um “garoto do Ministério Público” quer dizer a ele o que fazer, e como. /

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