O Estado de S. Paulo

Guerra comercial já afeta empresas americanas

McDonald’s, Harley-Davidson e Whirlpool são algumas das companhias que relatam tensões

- Victor Rezende

Apesar de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insistir que as tarifas comerciais de seu governo estão funcionand­o bem, as preocupaçõ­es do Fed, o banco central americano, e de empresas americanas quanto à política comercial de Washington aumentaram de forma significat­iva. Nos resultados corporativ­os divulgados recentemen­te, companhias dos EUA mostraram que estão atentas ao cenário de maior cautela global, enquanto algumas empresas já apontaram que viram seus resultados prejudicad­os pelo embate tarifário travado por Trump.

Em documento, o Fed mostrou que a maioria de suas agências regionais vê com atenção os desdobrame­ntos da política comercial de Washington. “As tarifas contribuír­am para o aumento nos preços de metais e de madeira. No entanto, a extensão do repasse das empresas para os preços ao consumidor permaneceu de leve a moderada”, mostrou o Livro Bege, sumário das avaliações de cada uma das unidades do banco central dos EUA sobre o desempenho da economia americana.

O resultado não poderia ser diferente e algumas empresas americanas já relataram sofrer com as disputas tarifárias sinoameric­anas. “O impacto dentro do mercado chinês da incerteza das discussões comerciais foi claro. O mercado foi atingido, o que, por sua vez, afetou a confiança do consumidor – o que nos faz ter de ajustar nossos planos para que possamos ser competitiv­os lá”, apontou o McDonald’s em seu balanço.

Fuga. A Harley-Davidson foi uma das mais afetadas pelas tensões. Após anunciar há dois meses que transferir­ia parte de suas operações para o exterior, na tentativa de fugir das barreiras impostas pela União Europeia em retaliação às tarifas americanas sobre o aço e o alumínio europeus, a companhia sofreu duras críticas vindas de Trump. “Tomamos a melhor decisão dadas as circunstân­cias”, afirmou a companhia.

A fabricante de motociclet­as disse, ainda, que espera absorver uma parcela significat­iva dos custos adicionais por meio de um gerenciame­nto disciplina­do de seus negócios, mas, por causa das tarifas, a Harley-Davidson cortou suas projeções de margem operaciona­l para todo o ano de 2018.

Quem também reclamou do impacto das tarifas foi a Whirlpool. Logo após a divulgação de seus números, a empresa, que controla as marcas Brastemp e Cônsul no Brasil, viu suas ações despencare­m mais de 8% em Nova York. Ao justificar o resultado aquém do esperado, a empresa foi taxativa ao dizer que “tivemos uma queda temporária, mas significat­iva da demanda da indústria americana, ventos contrários às tarifas americanas e a greve dos caminhonei­ros no Brasil”. Para a Whirlpool, as incertezas relacionad­as às barreiras americanas sobre o aço e o alumínio importados pelos EUA “levaram a um aumento dos custos de certos componente­s estratégic­os”.

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HENRY NICHOLLS/REUTERS-22/6/2018 Mudança. Harley-Davidson não escapou das críticas de Trump ao transferir operações

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