Guerra comercial já afeta empresas americanas
McDonald’s, Harley-Davidson e Whirlpool são algumas das companhias que relatam tensões
Apesar de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insistir que as tarifas comerciais de seu governo estão funcionando bem, as preocupações do Fed, o banco central americano, e de empresas americanas quanto à política comercial de Washington aumentaram de forma significativa. Nos resultados corporativos divulgados recentemente, companhias dos EUA mostraram que estão atentas ao cenário de maior cautela global, enquanto algumas empresas já apontaram que viram seus resultados prejudicados pelo embate tarifário travado por Trump.
Em documento, o Fed mostrou que a maioria de suas agências regionais vê com atenção os desdobramentos da política comercial de Washington. “As tarifas contribuíram para o aumento nos preços de metais e de madeira. No entanto, a extensão do repasse das empresas para os preços ao consumidor permaneceu de leve a moderada”, mostrou o Livro Bege, sumário das avaliações de cada uma das unidades do banco central dos EUA sobre o desempenho da economia americana.
O resultado não poderia ser diferente e algumas empresas americanas já relataram sofrer com as disputas tarifárias sinoamericanas. “O impacto dentro do mercado chinês da incerteza das discussões comerciais foi claro. O mercado foi atingido, o que, por sua vez, afetou a confiança do consumidor – o que nos faz ter de ajustar nossos planos para que possamos ser competitivos lá”, apontou o McDonald’s em seu balanço.
Fuga. A Harley-Davidson foi uma das mais afetadas pelas tensões. Após anunciar há dois meses que transferiria parte de suas operações para o exterior, na tentativa de fugir das barreiras impostas pela União Europeia em retaliação às tarifas americanas sobre o aço e o alumínio europeus, a companhia sofreu duras críticas vindas de Trump. “Tomamos a melhor decisão dadas as circunstâncias”, afirmou a companhia.
A fabricante de motocicletas disse, ainda, que espera absorver uma parcela significativa dos custos adicionais por meio de um gerenciamento disciplinado de seus negócios, mas, por causa das tarifas, a Harley-Davidson cortou suas projeções de margem operacional para todo o ano de 2018.
Quem também reclamou do impacto das tarifas foi a Whirlpool. Logo após a divulgação de seus números, a empresa, que controla as marcas Brastemp e Cônsul no Brasil, viu suas ações despencarem mais de 8% em Nova York. Ao justificar o resultado aquém do esperado, a empresa foi taxativa ao dizer que “tivemos uma queda temporária, mas significativa da demanda da indústria americana, ventos contrários às tarifas americanas e a greve dos caminhoneiros no Brasil”. Para a Whirlpool, as incertezas relacionadas às barreiras americanas sobre o aço e o alumínio importados pelos EUA “levaram a um aumento dos custos de certos componentes estratégicos”.