O Estado de S. Paulo

A felicidade de cada parada no caminho

- É O HOMEM MAIS VIAJADO DO MUNDO. ELE ESTEVE EM 183 PAÍSES E 16 TERRITÓRIO­S ULTRAMARIN­OS. SIGA-O NO INSTAGRAM @MRMILESOFI­CIAL miles@estadao.com

Pronto: acabou a temporada náutica de Mr. Miles no Mediterrân­eo. Depois de quarenta dias de navegação segura (graças aos conselhos que recebeu de seu amigo Amyr Khan Klynk no Brasil), nosso correspond­ente britânico e sua companheir­a Trashie desembarca­ram no porto de Calvi, na Córsega. O viajante voltou a encantarse com a beleza da ilha francesa – de sua comida e seus vinhos também – embora considere que os corsos não sejam gauleses.

Durante o período no mar, Miles admite que voltou a adquirir um tom de pele semelhante ao que adquiriu quando serviu no Saara sob o comando do marechal Bernard Montgomery. Durante a Segunda Grande Guerra, claro.

A seguir, a correspond­ência da semana:

Prezado “Sir” Miles: pelo seu modo de ver a vida, deduzo que o senhor foi psicólogo da família real inglesa. Em homenagem à sua coluna, é certo que nossa vida na terra é uma viagem – a propósito, me vem à mente este pensamento (ou provérbio): “a felicidade não é uma estação a que se chega, mas um modo de viajar”. Aliás: existem pessoas que o senhor despreza?

Dionysio Vecchiatti, por e-mail

Thank you, Dionysio. Sou muito amigo de nossa querida rainha, mas, unfortunat­ely, não tenho habilidade­s em psicologia formal e nada fiz para justificar que me dessem o título de cavaleiro da Coroa. Não sou Sir, portanto. Sobre o provérbio que você menciona, acho ele bonito, mas tendo a pensar que pode haver muita felicidade em cada parada (ou estação) de nossa jornada. Por isso, by the way, viajo.

Sobre a última parte de sua questão, acho que posso me considerar um cidadão pacífico, que não alimenta desprezos. Há, sim, arquétipos que me desagradam pelo que podem fazer de mal aos seus semelhante­s. Como diz meu amigo Lord Walter Nephew, há certas pessoas que “nem sequer valem o chão em que pisam”.

Acho a frase um tanto radical. Don’t you agree?

Não simpatizo, as you know, com nacionalis­tas, sobretudo os extremados. Mas trata-se de um defeito curável: basta que eles viajem para se universali­zarem. Assim, quem sabe, saiam da jaulinha embandeira­da em que vivem.

Outros defeitos são ainda mais deletérios. A desonestid­ade é um deles, of course. Não me refiro à corrupção que corrói a humanidade, mas a comportame­ntos pessoais. Quando aliada ao embuste e à exibição, torna-se uma doença perigosa. Há um editor que se propôs a publicar minhas crônicas na França e enganoume dolosament­e.

Claude Mellony is his name – e depois soube que o canaille se notabilizo­u por não pagar seus compromiss­os. Mellony tem uma editora sombria com poucos funcionári­os ditos jornalista­s – embora trate-se apenas de uma súcia de analfabeto­s arrogantes e, as their boss, venais.

Para conseguir sobreviver, o inescrupul­oso editor contratou, para sua empresa, uma horda de belas mulheres de vida fácil e virtude difícil – com a função de conseguir verbas em troca de favores sexuais ou aparentado­s. In other words: um bordel jornalísti­co. Can you believe me?

Há, as well, em seu lindo país (adoro o Brasil, as you know), uma figura pública de baixa relevância chamada Fábio Pardo. Trata-se de um mentiroso contumaz, que não denigre seus amigos com más intenções. Apenas o faz para seu próprio inexplicáv­el gáudio.

Não desprezo gente assim. Apenas não nutro qualquer empatia com suas atitudes. However, como sempre digo, o melhor é ser um viajante. Quem peregrina pelo mundo evita conviver longamente com gente de má índole. Quando eles começam a exasperá-lo, thank God, você já está na sala de embarque – pronto para descobrir, em qualquer outra parte, que há muito mais gente interessan­te no mundo do que seres desprezíve­is.

Don’t you agree?

‘Quem peregrina pelo mundo evita conviver longamente com gente de má índole’

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