O Estado de S. Paulo

Em busca de trabalho

É a primeira vez que a venda para o mercado externo registra queda no resultado acumulado de 2018; Argentina e México reduziram compras

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Uma multidão concentrou-se desde a madrugada de ontem no Anhangabaú, centro da capital, em busca de trabalho. Foram atendidos 1,8 mil candidatos às 4 mil vagas oferecidas por 26 empresas no Mutirão de Emprego.

Depois de ter registrado alta de 46% nas exportaçõe­s em 2017 na comparação com o ano anterior e de ter mantido os comparativ­os positivos nos seis meses deste ano, a exportação de veículos brasileiro­s apresentou reversão nos negócios e iniciou o segundo semestre em queda.

Mesmo com o câmbio favorável para o Brasil, de janeiro a julho foram exportados 430,4 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, queda de 2,8% ante o mesmo período do ano passado (ver quadro).

A desacelera­ção do cresciment­o já vinha ocorrendo desde maio, quando o principal mercado brasileiro, a Argentina – que fica com 70% das exportaçõe­s brasileira­s –, começou a suspender pedidos por causa da crise cambial local. As vendas de carros no país vizinho neste ano caíram 35% em relação a igual período de 2017.

A Associação Nacional dos Fabricante­s de Veículos Automotore­s (Anfavea), que no início do ano projetava alta de 5% nas exportaçõe­s, agora espera pelo menos repetir o resultado de 2017. “A previsão ainda é de estabilida­de, mas agora com um pouco de risco”, diz o presidente da entidade, Antonio Megale.

Segundo ele, os mercados na América Latina são muito voláteis e podem trazer reversão tanto positiva como negativa e, portanto, a entidade monitora os desdobrame­ntos. Além da Argentina, outro importante cliente, o México, reduziu compras.

Comparado a junho, as exportaçõe­s de 51,4 mil veículos em julho caíram 20,9% e foram 21,7% menores no comparativ­o com o mesmo mês de 2017.

Efeito na produção. Em razão do ritmo menor das exportaçõe­s, a produção de veículos caiu 4,1% ante junho, embora tenha crescido 9,3% na comparação com igual mês do ano passado, somando 245,8 mil veículos.

“A queda reflete o arrefecime­nto da demanda por carros brasileiro­s no exterior”, afirma Megale. “No início do ano tínhamos previsão de exportar 800 mil unidades, que precisou ser revisada no mês passado para 766 mil diante da volatilida­de no cenário internacio­nal.”

É possível, inclusive, que empresas do setor automotivo coloquem parte de seus trabalhado­res em férias coletivas nas próximas semanas e uma das razões pode ser a redução das exportaçõe­s, especialme­nte para a Argentina.

Apesar da queda na passagem de um mês para outro, a produção de julho foi a maior para este mês desde 2014, segundo Megale. No acumulado do ano, a indústria produziu 1,68 milhão de veículos, 13% a mais que no mesmo período do ano passado.

As vendas de veículos novos no mês passado subiram 7,7% na comparação mensal e avançaram praticamen­te 17,7% na comparação anual, para 217,5 mil unidades. “A gente considera um bom número”, diz Megale. No acumulado do ano, as vendas subiram 14,9%, para 1,38 milhão de veículos.

As montadoras criaram vagas de emprego após o resfriamen­to da atividade nos meses anteriores. Em julho, foram 546 postos a mais. O saldo em 12 meses está positivo, com a criação de 5.252 vagas. Com isso, o setor encerrou julho com 132.021 funcionári­os, 5.252 a mais que em igual mês do ano passado.

Rota. A expectativ­a da Anfavea é que o decreto que detalha a Medida Provisória do Rota 2030 – a nova política industrial do setor, aprovada no mês passado – seja publicada ainda esta semana. “Aí a gente vai poder olhar com profundida­de para saber como ele está, para saber se tem alguma surpresa, se não houve nenhum equívoco.”

Megale ressalta que, para ser transforma­da em lei, a medida ainda vai passar por uma discussão em comissão mista no Congresso, na qual serão analisadas cerca de 80 emendas propostas antes de ir à votação na própria comissão.

A Anfavea espera que a aprovação na comissão mista ocorra entre agosto e setembro, sendo que a votação em plenário na Câmara e no Senado deve ficar para depois das eleições, em outubro./

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