O Estado de S. Paulo

‘Foi um caos, a pior sensação da vida, loucura’

- / P.M.

“Foi um caos, a pior sensação da vida, uma loucura”, conta a empresária Isabela Salazar, de 38 anos, moradora de um apartament­o localizado no terceiro andar abaixo do nível da rua do Edifício Norma, o primeiro a ser evacuado e interditad­o na Aclimação, zona sul de São Paulo.

O relato do barulho da rachadura da viga e o consequent­e tremor foi feito pela cozinheira da empresária, que estava em casa no momento do incidente. À tarde, Isabela conseguiu entrar no edifício e retirar os pertences mais essenciais, como roupas, remédio e cobertores, além da ração e da caminha do cachorro Totti, de 7 anos. A orientação era para que os moradores levassem mantimento­s para três dias.

Preocupada, a pedagoga Ana Paula Abate, de 43 anos, foi ao local conferir se havia risco de desabament­o. Sua mãe, Elisabeth Abate, de 77 anos, reside há quase 50 anos no edifício, onde ela própria morou durante a infância e a adolescênc­ia.

Como a garagem dos dois prédios é separada apenas por um portão, Ana Paula conseguiu retirar o automóvel da mãe do local. Segundo a pedagoga, Elisabeth tem um “apego” pelo prédio. “É uma perda muito grande de repente.”

A gata Minerva. Moradora do Edifício Ernani há cinco anos, a enfermeira Veruska Montenegro, de 50 anos, soube da evacuação do prédio por volta das 11 horas, quando voltava do trabalho. “A única coisa que eu quero que está lá é a gata, porque o resto a gente conquista”, diz Veruska sobre Minerva, adotada ainda filhote, há cinco anos.

Pela tarde, o animal foi retirado sem ferimentos do local. “A gente se preocupa, se não deixarem entrar, não tem nem comida suficiente. Sou muito apaixonada por ela.”

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