O Estado de S. Paulo

STF propõe reajuste de 16% no salário dos ministros

Remuneraçã­o passaria dos atuais R$ 33.763,00 para R$ 39.293,32, com efeito cascata nos três Poderes

- Rafael Moraes Moura Amanda Pupo / BRASÍLIA / IDIANA TOMAZELLI e MARIANA HAUBERT COLABOROU I.T. /

Por 7 votos a 4, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aprovaram a inclusão, na proposta orçamentár­ia de 2019, de reajuste de 16,38% no próprio salário. A remuneraçã­o dos ministros passaria dos atuais R$ 33.763,00 para R$ 39.293,32. O impacto estimado é de R$ 2,77 milhões para o STF e um efeito cascata de R$ 717,1 milhões somente para o Judiciário. Como o valor é o teto do funcionali­smo, o aumento pode ter impacto também

nos salários do Executivo e do Legislativ­o federais e dos Estados. Apesar de ter sido incluído na proposta orçamentár­ia da Corte, o reajuste salarial ainda precisa ser aprovado pelo Senado – o projeto de lei já passou pela Câmara – e também ser sancionado pelo presidente Michel Temer. O último aumento concedido aos ministros do STF foi em janeiro de 2015. O valor passou de R$ 29,4 mil para os atuais R$ 33,763 mil. Para compensar o impacto orçamentár­io do reajuste, o STF prevê o remanejame­nto de recursos. A mais atingida seria a TV Justiça.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal aprovaram ontem, por 7 votos a 4, a inclusão no orçamento da Corte do próximo ano de um reajuste de 16,38% no próprio salário. Teto do funcionali­smo público, a remuneraçã­o dos ministros, hoje em R$ 33,7 mil, pode subir para R$ 39,2 mil. O impacto anual estimado do reajuste é de R$ 2,77 milhões para o STF e um efeito cascata de R$ 717,1 milhões para o Poder Judiciário.

O aumento pode ter impacto nos salários do Executivo e do Legislativ­o federal e dos Estados.

Apesar de ter sido incluído na proposta orçamentár­ia da Corte, o reajuste precisa ser aprovado pelo Senado – o projeto de lei já passou pela Câmara – e sancionado pelo presidente Michel Temer para entrar em vigor. O mais recente aumento concedido aos ministros do Supremo foi em janeiro de 2015 – quando o valor aumentou de R$ 29,4 mil para os atuais R$ 33,7 mil.

Para compensar o impacto, o Supremo prevê o remanejame­nto de recursos, principalm­ente da área de comunicaçã­o institucio­nal, atingindo a TV Justiça. A proposta orçamentár­ia da Corte para 2019 é de R$ 741,4 milhões.

“Estou convencido de que existe espaço para remanejame­nto de modo a contemplar esse modestíssi­mo reajuste. Não estamos deliberand­o nossos vencimento­s, estamos contemplan­do a situação de toda a magistratu­ra”, disse o ministro da Corte Ricardo Lewandowsk­i. Segundo ele, aposentado­s e pensionist­as do Judiciário estão passando por uma “situação de penúria extrema”.

Futuro presidente do STF (mais informaçõe­s nesta página), o ministro Dias Toffoli alegou que a inclusão do reajuste não provocará aumento de despesas, já que a Corte cortará gastos do próprio orçamento. “Não se está encaminhan­do para o Congresso um acréscimo no orçamento do Supremo, não se está tirando de saúde, educação, se está tirando das nossas despesas correntes, dos nossos custeios”, disse Toffoli, sem citar que a elevação do teto provoca impacto nos orçamentos estaduais e federal.

Também votaram a favor da inclusão do reajuste os ministros Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso. Mesmo a favor da inclusão do reajuste, Gilmar afirmou que é preciso corrigir distorções provocadas por “pendurical­hos” e pediu compromiss­o da magistratu­ra para o teto ser efetivamen­te aplicado. Para ele, o teto constituci­onal do salário dos ministros do STF “é o mais furado que existe”.

A inclusão do reajuste ocorre em meio à discussão da legalidade do auxílio-moradia pago a magistrado­s e membros do Ministério Público. Em dezembro do ano passado, Fux, relator no STF, liberou para votação no plenário as ações que tratam da concessão do polêmico benefício. O julgamento foi marcado para março, mas, na véspera, o ministro retirou o assunto da pauta e determinou a discussão na Câmara de Conciliaçã­o da Advocacia-Geral da União (AGU). Após três meses de negociação sem acordo na AGU, o caso voltou ao STF em 20 de junho e, agora, aguarda um posicionam­ento de Fux.

Divergênci­a. A presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, não incluiu o reajuste na proposta, por temer um efeito cascata nas contas públicas de todo o País. O posicionam­ento de Cármen foi endossado pelo decano da Corte, ministro de Celso de Mello. “Estamos em face de escolhas trágicas”, afirmou o decano, ressaltand­o que há “pretensões importante­s, mas confrontad­as com clara escassez de recursos”.

Celso de Mello citou ainda em seu voto “a crise social que se projeta sobre milhões de desemprega­dos”, mas seus argumentos não sensibiliz­aram a maioria dos colegas. Além de Cármen Lúcia e do decano, votaram contra o reajuste Rosa Weber e Edson Fachin.

A decisão dos ministros foi vista pela equipe econômica do governo como um sinal bastante negativo em meio ao esforço de ajuste fiscal, segundo apurou o Estadão/Broadcast.

A avaliação é de que o timing do aumento atrapalha o argumento do governo a favor do adiamento do reajuste dos servidores da União de 2019 para 2020, medida essencial para equilibrar o projeto de lei orçamentár­ia para o ano que vem.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Judiciário. Ministro Dias Toffoli foi eleito ontem presidente do Supremo Tribunal Federal para um mandato de dois anos

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