O Estado de S. Paulo

Fachin aceita pedido de petista para desistir de ação no STF

- Amanda Pupo / BRASÍLIA /

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou ontem a desistênci­a da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Lava Jato, no processo que discutiria o pedido de liberdade e possivelme­nte a condição do petista para disputar a Presidênci­a da República. Lula foi lançado como candidato do PT.

O movimento de desistênci­a da defesa de Lula foi feito na segunda-feira passada, após sinalizaçõ­es de ministros da Corte de que era importante dar celeridade ao caso. Com a desistênci­a, os advogados colocam em prática a estratégia de evitar que a Suprema Corte discuta sobre a questão da inelegibil­idade antes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde o registro de candidatur­a é feito.

Na petição, a defesa de Lula afirmava que nunca procurou, neste processo, debater sobre o aspecto eleitoral, apenas sobre a execução da pena do petista, condenado em segunda instância. Lula teve a pena confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), situação que enquadra o ex-presidente na Lei da Ficha Limpa.

O processo em questão foi apresentad­o no início de junho para que a Corte suspendess­e os efeitos da condenação de Lula no caso do triplex no Guarujá. O imbróglio jurídico começou no mesmo mês, quando o TRF-4 negou ao petista a possibilid­ade de recorrer ao STF, não admitindo o chamado recurso extraordin­ário. Diante disso, Fachin, no mesmo dia, barrou a petição do ex-presidente para suspender os efeitos de sua condenação, que estava previsto originalme­nte para ser julgado pela Segunda Turma.

Contra essa decisão, a defesa de Lula entrou com recurso (agravo). Foi esse pedido, para que a Corte julgue os pedidos de suspensão da condenação, que Fachin enviou ao plenário, retirando o caso da Segunda Turma. O ministro, relator da Lava Jato, justificou o envio ao colegiado dos 11 ministros, em função do processo tratar, além de outras questões, sobre as pretensões eleitorais de Lula.

Na petição inicial, a defesa de Lula fala que o ex-presidente tem sérios riscos de ficar de fora da corrida ao Planalto e ter seus “direitos políticos indevidame­nte cerceados, o que, em vista do processo eleitoral em curso, mostra-se gravíssimo e irreversív­el”.

Fachin já havia liberado o recurso para ser julgado pelo plenário quando a defesa do ex-presidente entrou com novo recurso, desta vez contra o envio do caso ao plenário. Segundo a defesa, os advogados não teriam pedido que a questão eleitoral fosse discutida pelo STF.

Debate. Ontem, a Executiva Nacional do partido, mesma instância que escolheu o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como vice de Lula, decidiu que não vai recorrer à Justiça para que o ex-prefeito substitua Lula no debate entre os presidenci­áveis da TV Bandeirant­es, marcado para hoje. O PT ainda não decidiu se vai enviar representa­ntes para acompanhar o debate da Band da plateia. Haddad deve fazer um “debate paralelo” na internet.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Decisão. Fachin aceitou o pedido da defesa de Lula

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