O Estado de S. Paulo

‘Bolsonaro e Ciro seriam retrocesso’, diz Ana Maria Diniz

Empresária considera que a educação será tão importante quanto a economia em eventual governo Geraldo Alckmin

- Renata Cafardo

A empresária Ana Maria Diniz, de 57 anos, dedica atualmente 70% do seu tempo à campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) por acreditar que a educação vai ser considerad­a tão importante quanto a economia em um eventual governo tucano. Desde que o marido, o cientista político Luiz Felipe d’Avila, assumiu a coordenaçã­o da campanha do PSDB, a filha mais velha do empresário Abilio Diniz afirma que começou “a sonhar junto” sobre o que poderia ser feito na área.

Depois de deixar o cargo de executiva do Pão de Açúcar, empresa da família, em 2003, Ana Maria começou a trabalhar na área educaciona­l. Foi uma das fundadoras do Movimento Todos pela Educação e hoje é a presidente do conselho do Instituto Península, braço social dos Diniz. Comprou ainda parte das ações do Ânima Educação, grupo que tem 100 mil alunos. Para a empresária há “um risco muito grande” caso os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) ou Ciro Gomes (PDT) sejam vitoriosos nas eleições de outubro. “Seria um enorme retrocesso no País”, diz a coordenado­ra do programa de educação tucano.

Acha que educação é parte importante do programa de governo e vai haver dinheiro para a área?

Há milhares de programas no Ministério da Educação que não tem eficiência nenhuma e a gente vai ter a sabedoria pra fazer cortes. Sinceramen­te, não é dinheiro que falta na educação, é gestão. Além disso, o Persio (Arida, responsáve­l pelo programa de economia de Alckmin) é o primeiro a falar de educação, isso me deixa muito segura que ela vai estar sendo considerad­a tão importante quanto economia. A área está sendo olhada não só como uma política social, mas como um meio para resolver a desigualda­de e aumentar a produtivid­ade do País.

Na educação, como seria isso?

Eu e uma equipe de especialis­tas pensamos em quatro pilares: alfabetiza­ção para todas as crianças até o 2.º ano, cuidar da primeira infância de forma ampla, ensino médio conectado com mercado de trabalho e valorizaçã­o do professor. Precisa ampliar o número de creches, mas isso é muito importante nos grandes centros. Em outros municípios, você precisa educar as pessoas que vão cuidar das crianças, sejam elas avó, tia, mãe. Você fazer núcleos de formação para quem vai cuidar da criança é muito mais importante do que ter a estrutura física com o brinquedo ideal e a parede ideal.

Mas existe recomendaç­ão de formação superior para quem trabalha com educação infantil.

Acho que não tem necessidad­e, isso é um enorme limitador, o importante é fazer trabalhar junto a assistênci­a social, saúde e educação, para o desenvolvi­mento da criança.

Apesar de rico, São Paulo tem problemas de qualidade na educação. Por que Alckmin conseguiri­a fazer no governo federal o que não fez no Estado?

Acho muito diferente estar na perspectiv­a nacional e na estadual. É muito difícil fazer uma revolução estadual se não tem o respaldo de uma diretriz nacional. Mas você tem razão, acho que São Paulo poderia ter evoluído melhor e mais rápido, está estagnado. Ele mesmo, Geraldo, diz que vem vivendo e aprendendo. Não acho que a educação de São Paulo seja a ideal, mas nos três ciclos é a melhor que a gente tem. Sinceramen­te, a gente teve bons secretário­s, mas acho que a gente não quis quebrar o sistema, o que precisa fazer agora é criar um sistema novo para funcionar melhor.

O PSDB também criou em São Paulo um bônus para professor ligado ao desempenho dos alunos, que não teve bom resultado.

O bônus não foi bem sucedido mesmo. Do jeito que ele foi desenhado não foi o ideal, acho que foi a versão 0.1. Temos que evoluir nisso, mas são coisas que estamos estudando ainda.

Sua família está também envolvida e animada?

A família está bem contaminad­a com a ideia de poder ajudar, fazer a diferença, até porque a gente vê um risco muito grande de um desses candidatos que estão mais fortes ganharem, como Bolsonaro e Ciro Gomes. Seria um enorme retrocesso no país e a gente não quer deixar isso acontecer

E o Lula?

Acho que o Lula não vai ser candidato. O Fernando Haddad é um homem bastante razoável, que eu respeito, mas ele está dentro de um partido que não respeito e que não acredito que vá levar o País para um bom caminho

O Centrão pode influencia­r no programa de educação que estão montando?

Eu até agora não vi nenhum ruído por aí, estou acreditand­o que não, vamos ver.

A sra. é dona de faculdades, não há conflito de interesses ao pensar programas para o MEC?

Não. Nossa participaç­ão no Ânina é de 6% e não é nosso foco principal na Península. Além disso, nosso investimen­to social em educação mostra comprometi­mento com a causa há anos.

A sra. aceitaria ser ministra da educação?

Não sei se sou a melhor pessoa para ser ministra, não tenho essa pegada política. Mas se todo mundo disser lá na frente que vai ser bom, que vou conseguir transforma­r muito, eu vou.

“A área (educação) está sendo olhada não só como uma política social, mas como um meio para resolver a desigualda­de.” Ana Maria Diniz EMPRESÁRIA

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Executiva. A empresária Ana Maria Diniz é presidente do conselho do Instituto Península

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