O Estado de S. Paulo

Juíza condena Dino por crime eleitoral

Decisão suspende por 8 anos os direitos políticos do governador do Maranhão e candidato à reeleição; cabe recurso às instâncias superiores

- Ricardo Galhardo

A juíza eleitoral de Coroatá (MA), Anelise Nogueira Reginato, condenou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), por abuso de poder econômico nas eleições municipais de 2016, e determinou sua inelegibil­idade por um período de oito anos. A decisão é de primeira instância e passível de recursos ao Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Dino foi acusado de usar o programa de asfaltamen­to de ruas do governo estadual para beneficiar o então candidato Luís da Amovelar (PT) nas eleições para a prefeitura de Coroatá, em 2016. Amovelar disputava a eleição contra Teresa Murad (MDB). Teresa é mulher do empresário Ricardo Murad, cunhado da ex-governador­a Roseana Sarney. O município maranhense de Coroatá é o berço político da família Murad.

Na sentença proferida na segunda-feira, a magistrada cita um áudio no qual o secretário de Comunicaçã­o Social e Assuntos Políticos do Maranhão, Márcio Jerry, um dos homens fortes do governo de Flávio Dino, promete a entrega do asfalto “com as eleições do (…) dia 2 de outubro (de 2016)”.

“Logo, depreende-se claramente de toda a manifestaç­ão feita pelo representa­do Márcio Jerry que o asfaltamen­to do município de Coroatá somente teria continuida­de se fosse eleito prefeito do município o representa­do Luís Mendes Ferreira Filho (Luís da Amovelar)”, escreve a magistrada na sentença.

Defesa. Nos autos da Ação de Investigaç­ão Judicial Eleitoral (Aije) que levou à decisão, o governo rejeita diversas vezes a acusação. Dino foi procurado, por meio de sua assessoria, mas não respondeu. Nas suas redes sociais, o governador classifico­u l a sentença como “factoide” e atribuiu a ação à família Sarney, com quem trava uma disputa política desde que foi eleito governador do Maranhão, em 2014.

“Absolutame­nte improceden­te qualquer versão sobre minha suposta inelegibil­idade, especulada há semanas pelos grupos Sarney/Murad. Eles, para voltarem aos seus privilégio­s, terão que vencer nas urnas. O resto é factoide e desespero”, escreveu Dino em sua conta no Twitter ontem à tarde.

Marcio Jerry, também por meio de redes sociais, rebateu a sentença da juíza de Coroatá. O secretário afirmou que as declaraçõe­s atribuídas a ele usadas para fundamenta­r a decisão foram feitas publicamen­te, em um comício.

“Basta ter bom senso e saber ler para constatar que a sentença da juíza lá em Coroatá é sob todos aspectos um absurdo jurídico”, escreveu. “A principal referência a mim na sentença, por exemplo, é participaç­ão em um comício. Que coisa!”, completou o secretário.

Candidato. Dino vai disputar a reeleição ao governo do Maranhão por uma ampla coligação que vai desde o PT até a deputada evangélica Eliziane Gama (PPS), que votou a favor do impeachmen­t da presidente cassada Dilma Rousseff, em 2016, fez discursos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ganhou a queda de braço com os petistas para ser a candidata ao Senado na chapa encabeçada pelo PCdoB.

“Absolutame­nte improceden­te qualquer versão sobre minha suposta inelegibil­idade, especulada há semanas pelos grupos Sarney/Murad.” Flávio Dino (PCdoB) GOVERNADOR DO MARANHÃO

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