O Estado de S. Paulo

No Brasil, discussão passa pelo Supremo e não há prazos

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O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou na segunda-feira uma audiência pública em que recebeu opiniões contrárias e favoráveis à descrimina­lização do aborto. No caso, os autores da ação, iniciada em 2017, pedem a permissão do aborto até a 12ª semana de gravidez. A ministra Rosa Weber, relatora no STF, conduziu as audições, que tiveram seu auge no atrito entre a magistrada e o senador Magno Malta (PR-ES).

Malta criticou o Supremo por supostamen­te estar invadindo competênci­a que seria do Congresso Nacional, responsáve­l pela elaboração de leis. Rosa, por sua vez, defendeu que a Constituiç­ão garante ao Supremo atuar em casos assim.

Não há prazo para a ministra apresentar seu voto, que ainda deverá ser submetido à apreciação dos demais ministros do plenário da corte. Uma das autoras da ação, Luciana Boiteux, observa que o prazo de conclusão para ações desse gênero costuma ser de cinco a oito anos. “Mas acredito que, pela repercussã­o, o julgamento ocorra antes disso”, declarou nesta semana.

O argumento dos autores é o de que a proibição do aborto fere preceitos fundamenta­is da Constituiç­ão, como o direito da mulher à vida e à dignidade. Hoje, a prática só é permitida em três casos no Brasil: gravidez resultante de estupro, risco de morte da mãe e feto anencéfalo.

Entre aqueles contrários à descrimina­lização, predominam organizaçõ­es religiosas, como a Conferênci­a Nacional de Bispos do Brasil (CNBB). Nomeado representa­nte do órgão na audiência pública, d. Ricardo Hoepers, bispo de Rio Grande (RS), diz que, além de defender “a vida desde a concepção”, a Igreja tem propostas de políticas alternativ­as ao aborto, como as casas de acolhida.

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