O Estado de S. Paulo

CONSERVADO­R TEM DIPLOMA SOB SUSPEITA

Apresentad­o como renovador do Partido Popular, Casado foi escolhido para suceder Rajoy

- Andrei Netto CORRESPOND­ENTE / PARIS

Recém-escolhido para suceder ao ex-primeiro-ministro da Espanha Mariano Rajoy na liderança do Partido Popular (PP, direita), Pablo Casado, de 37 anos, apresentad­o como renovador da legenda, foi flagrado em um escândalo de fraudes em diplomas universitá­rios.

A Justiça de Madri investiga o caso de corrupção por obtenção de diploma falso em Direito das Regiões, supostamen­te obtido pelo líder político em 2009 na Universida­de Rey Juan Carlos. O político reconhece que não assistiu às aulas, mas nega corrupção.

O escândalo político é mais um a abalar a credibilid­ade do PP – e dos políticos em geral – na Espanha, mas não é único na Europa. Há três meses, o atual primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, foi flagrado atribuindo-se em seu CV passagens por universida­des estrangeir­as de referência nas quais jamais estudou.

Para a legenda conservado­ra espanhola, as suspeitas sobre Casado caem mal porque o partido tentava superar a série de escândalos de corrupção que levaram à queda de Rajoy, que perdeu em 1.º de junho o posto de primeiro-ministro após um voto de desconfian­ça do Parlamento.

Em posição de destaque depois que venceu as prévias do partido para tornar-se novo líder da oposição conservado­ra, em 21 de julho, Casado afastou a possibilid­ade de se demitir.

Ele alega ter documentos da universida­de que a própria instituiçã­o não teria guardado por se tratar de uma formação realizada há mais de sete anos, prazo no qual o arquivamen­to não seria mais obrigatóri­o.

“O que foi feito a mim não foi feito a mais ninguém nesse país”, argumentou Casado, dizendo-se perseguido pelo escândalo.

Mas, segundo a juíza de instrução do caso Carmen Rodríguez-Medel, há “indícios de crime” de prevaricaç­ão administra­tiva que justificam o julgamento do caso pelo Tribunal Supremo de Madri, o que traz de volta ao PP a sombra de uma nova condenação por corrupção.

No entender da magistrada, Casado foi beneficiad­o por “um presente acadêmico” em razão de sua “relevância política e institucio­nal”.

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JUAN ZARAMA PERINI/EFE-7/8/2018 Curso. Político reconhece que não assistiu às aulas

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